Jesus, o Príncipe da Paz, terá desapontado seus discípulos ao dizer “não vim trazer a paz, mas a espada”. E terá causado espanto ao completar sua declaração: “os inimigos do homem serão os seus próprios familiares”. E pede não amar ninguém mais do que a Ele, nem mesmo a própria mãe.
O mundo ocidental e cristão mergulhou mais uma vez na guerra. Quem a declarou disse que ela se sustenta em motivos justos. A segunda grande guerra também se dizia justificada. Começou com um tiro de fuzil e terminou com a explosão de bomba atômica. Na guerra contra a pacífica Ucrânia, líderes das potências beligerantes falaram que nesta poderão ser detonadas ogivas nucleares. Algo bem mais letal do que uma espada, a arma mais eficiente no tempo de Jesus. Se governante psicopata for seduzido pela loucura de brandir a espada nuclear não haverá mais paz sobre a terra, e terá sido a última guerra. O mundo será sepultado sob as cinzas das explosões e irradiações que seguirão às detonações. Os otimistas apostam que não chegaremos a este estágio de loucura coletiva. Os pessimistas afirmam que se elas foram produzidas, em certo momento serão usadas.
Por que as guerras acontecem? Marx, sociólogo alemão, estudou as origens das guerras. Disse que a guerra é continuação de uma política nefasta. A política nefasta é a exploração econômica que as nações ricas exercem sobre as pobres. A Revolução Francesa, ocorrida em 1789, marcou a tentativa de quebrar este ciclo demoníaco. Propunha originar sociedade que se orientasse pela Liberdade, Igualdade e fraternidade. A burguesia liderou a revolução e tão logo se instalou no poder fartou-se de liberdade e esqueceu a igualdade e fraternidade. E a guerra continuou nas escaramuças napoleônicas. Estas foram contidas, mas suas causas sobreviveram. Os insucessos desembocaram na primeira guerra. O Tratado de Versalhes pôs fim à guerra, mas não às suas causas. Vinte anos depois, o mundo foi sacudido pela segunda guerra promovida pelo Nazismo, a mais violenta tentativa de acabar com as causas das guerras. 60 milhões de mortos e cem milhões de feridos não convenceram as nações de que a guerra é a pior coisa que se possa fazer. 45 anos de guerra fria esquentaram as causas de todas as guerras. A exploração econômica se fez mais intensa em todo o mundo. Violentas ditaduras, golpes de estado, reintrodução do escravagismo, invasão de territórios, guerras localizadas por toda parte acostumaram a sociedade a aceitar as hecatombes como normais.
Hoje, completa-se um mês desde a invasão russa na Ucrânia. Recrudescem as hostilidades a ameaças. De aceleração na escalada da violência. Todos choram a má sorte dos mais de quatro milhões de refugiados que fogem como ratos de suas tocas. Uma guerra faz esquecer outra. Não se fala mais dos onze milhões de refugiados da guerra da Síria. Ninguém lembra, nem mesmo os livros didáticos de história falam sobre os trinta milhões de mortos que o Rei Leopoldo II amontoou no Congo quando invadiu o pacífico país africano, no final do século dezenove. Ainda se comemora com muito sofrimento o Holocausto de seis milhões de judeus, mas pouco se diz das dez crianças que morrem de fome a cada minuto. E, poucos se alarmam com os dez milhões de dólares gastos, por minuto, em armamento.
A política mais nefasta é a do psicopata russo que mandou invadir a Ucrânia. Não menos nefasta é a política do ocidente que pretende resolver o conflito mandando mais armas para o país invadido. A guerra terminará0, mas não serão expurgadas as causas desta e de outras guerras. Se queres paz prepara-te para a guerra.