Governo lula não vai muito bem, mas o congresso nacional também não está diferente
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sexta, 04 de julho de 2025

As questões políticas que envolvem o país possuem relação direta com a atuação do Governo Federal e do Congresso Nacional. Essa relação pode ser harmoniosa quando o governo tem maioria na Câmara dos Deputados e no Senado, ou mais difícil quando não possui essa maioria - como é o caso atual do Brasil. O Governo Lula não conta com maioria no Parlamento e, por isso, não consegue implementar livremente sua agenda. Sempre precisará negociar e considerar que as leis podem ser alteradas para contemplar a vontade dos parlamentares, que muitas vezes diverge daquela do Executivo.

Essa diferença de posicionamento político na definição das políticas públicas (ações de governo) é evidente. Nesse cenário, é necessário conciliar interesses antagônicos entre o Governo e o Congresso Nacional. Afinal, o Brasil vive uma democracia - e a democracia pressupõe um sistema em que o Poder reside no povo. Se o povo escolheu Lula como presidente e, ao mesmo tempo, elegeu um Parlamento com orientação política diversa, é preciso respeitar a vontade popular.

Respeitar essa vontade significa que tanto o Governo quanto o Congresso devem ter a grandeza de deixar de lado os interesses pessoais e partidários e trabalhar pelo bem da população. Infelizmente, essa não parece ser a realidade vivida no país. Ao contrário, há um debate constante que prioriza ideologias, disputas de poder e interesses de grupos específicos, em detrimento do verdadeiro interesse público.

Nesse contexto, não é difícil entender por que a avaliação do Governo Lula não vai bem - da mesma forma que a avaliação do Congresso Nacional também não é diferente.

O Governo Lula enfrenta muitas dificuldades, especialmente para implementar políticas públicas que atendam aos reais interesses da sociedade, que segue dividida ideologicamente entre direita e esquerda. O diálogo com a população é falho, e o discurso político ainda está impregnado pela polarização, como se o período eleitoral não tivesse acabado. Persistem ranços políticos, muitas promessas de campanha não estão sendo cumpridas, e falta à gestão ações concretas. É necessário abandonar a retórica ideológica, baixar os preços dos alimentos, conter os juros que hoje são um escárnio para a economia e para os investidores e melhorar a governança. As pesquisas deixam claro: o Governo não vai bem.

Por outro lado, o Congresso Nacional tampouco tem motivos para comemorar diante da fragilidade do Governo. A razão é simples: temos um Parlamento que, em vez de cumprir sua missão constitucional de legislar e fiscalizar o Executivo, prioriza a liberação de emendas para fins muitas vezes questionáveis - que favorecem a corrupção ou se dedica à luta por cargos. Quando legisla, frequentemente é para aumentar gastos, privilégios e vantagens corporativas. Dessa forma, a avaliação da sociedade sobre o Congresso Nacional também é negativa e com razão.

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