Um dos assuntos ao qual o pároco Leonir Agostinho Fainello sempre deu particular atenção foi a FAMÍLIA. E ele gostava de espichar os iiis, acentuando o tema. Mas por mais que a Igreja se desvele sobre tão fundamental problema, percebem-se magros resultados. Óbvio que os percalços são ingentes. Parece que o mundo inteiro conspira contra a família. E no meio de um mar revolto, como conduzir o tênue barco matrimonial? Vamos aos dados que são deveras preocupantes:
Segundo CP 22/6, os divórcios dos anos 2.009 a 2.023 cresceram no Brasil 189%. No RS, todavia, este crescimento foi menor: 127%. No Brasil, durante este período, registraram-se 441 mil divórcios, quase meio milhão. Mas o que assusta é o quociente de mulheres divorciadas, com mais de 50 anos: uma em cada três. Durante 50 anos, aguentaram o peso matrimonial. Depois, chutaram o balde. Também intimida o índice de mulheres que não querem ter filhos. Em contrapartida, adotam cães e gatos...
Por que? Quais as causas? Estas são incontáveis. Uma parece predominar: falta de preparação. Dom Antônio Zattera, desabafou: “Para se preparar um sacerdote, levam-se 15 anos. Para se preparar um futuro pai, alguns fins de semana. E é mais difícil ser um bom pai, do que ser um bom padre”. Um conferencista, falando a casais: “não precisam responder, mas se eu perguntasse a vocês, se fossem casar hoje, casariam com a mesma mulher, ou com o mesmo homem?” Este questionamento revela o que acontece com muitos lares que se desfazem: escolheram mal o parceiro. E após o acidente, não adianta chorar. Isto é semelhante ao jovem que escolhe uma profissão ou o curso universitário. Mais tarde percebe que não era aquilo que queria.
A sociedade sacramentou um relativo espaço de preparação para o casamento: o namoro e o noivado. Está sendo observado este tempo para mútuo conhecimento entre os jovens? Ou quando se dão as alianças, já vêm acompanhados de algum filhote? O que é doloroso, num casamento que desmoronou são os filhos que frequentemente são lançados ao mundo, capengas, sem o pai, ou sem a mãe, sem o lar, indesejáveis. Junto com o DNA herdam uma revolta que vomitarão contra quem estiver pela frente.
Vale lembrar a advertência de São Paulo: “eu quisera poupar-vos dos sofrimentos do matrimônio...” (1Cor 7,28). Muitos há que se jogam na aventura do matrimônio, esperando um mar de felicidades... e quando surgem as primeiras ondas, se afogam. Por que não aproveitaram o tempo de namoro para se conhecer, planejar a vida, até como construir a casa, quantos filhos irão educar? Rui Barbosa, que não era padre, dogmatizou: “A família é anterior ao Estado”. O casamento não é uma instituição simplesmente humana” (Cat 1603). A salvação da sociedade está estreitamente ligada ao bem-estar da comunidade conjugal. É estarrecedor o número de feminicídios que a mídia exibe atualmente. Mas eles não se amavam no tempo do namoro?... Na preparação ao casamento, a Igreja ajuda pouco, a Escola quase nada, o Estado nada!!!
Se já é difícil manter incólume a família dentro da religião, o que dizer sem ela? Contudo a máxima divina aí está, inexorável e fatal: “Não separe o homem o que Deus uniu” (Mt 19,6). “E sereis uma só carne” (Ef 5,31).
