O desafio da coletividade
**Os textos de colunistas aqui publicados são de sua total responsabilidade e não refletem a opinião do jornal O Alto Uruguai.
quarta, 01 de dezembro de 2021

Eis que certa noite, em um evento marcante para a comunidade frederiquense e regional, recebo inesperadamente o convite para ser colunista do jornal O Alto Uruguai. Ao aceitá-lo, fiquei pensando em como poderia contribuir, tanto para o jornal, como para os leitores. E assim, consequentemente para nossa região.
Dentre as respostas que me ocorreram, acredito que uma possibilidade era fazer com que possamos refletir sobre o nosso papel enquanto cidadão, fazendo com que pensamos e reflitamos sobre nossos propósitos de vida, nossa contribuição para a sociedade e o legado que estamos deixando para nossos sucessores. Mário Sérgio Cortella fala muito bem sobre isso no seu livro “Qual é a tua obra?”. Não trata-se de dar lição de moral, pois, quem sou eu para fazer isso! Trata-se sim de tirarmos um tempo, para quem sabe, se necessário for, revermos alguns princípios e valores.
Ultimamente tenho vivido e convivido em distintos espaços: profissionais, sociais, esportivos, culturais, religiosos, educacionais, etc. Percebo, pelo menos no discurso, o quanto as pessoas anseiam por melhorias, quer sejam elas no seu ambiente de trabalho, na saúde, na educação, na segurança pública, ou até mesmo nos 
relacionamentos interpessoais. Afinal, o ser humano é insatisfeito por natureza. Além disso, identifico também, o consenso das pessoas de que certas “coisas” precisam melhorar, e em certas ocasiões, até sabe-se a solução necessária. Mas afinal, o que nos impede disso? O que nos limita em avançar, principalmente enquanto sociedade?
A tendência é de sempre buscarmos um culpado para tudo, procurando os defeitos e limitações do outro, como se isso fosse a fórmula mágica para a explicação dos nossos problemas. Nesta busca constante, nos esquecemos de olhar para nós mesmos, ignorando assim nossas próprias fraquezas e fortalezas. Estamos nos acostumando a viver no individualismo. Quer seja na nossa casa ou apartamento, sem muitas vezes saber quem reside ao lado; no ônibus, quando coloco o meu fone de ouvido para escutar a minha própria música; e nos espaços sociais quando quero que a minha ideia seja aceita e ignoro a dos demais, sem ao menos considerar a ideia dos outros. Esse individualismo acarreta na falta de engajamento social, iniciativas, atitudes e pró atividade. A ganância e o egoísmo nos tornam cegos, até mesmo para enxergar o que está na nossa frente.
Parece banal, mas isso vai tomando suas proporções, e acaba por culminar em muitas ações e atitudes vivenciadas atualmente no nosso cotidiano. No âmbito das organizações, um dos princípios administrativos é de que os objetivos individuais devem estar subordinados aos organizacionais, ou seja, em primeiro lugar devemos primar pelos objetivos coletivos, para depois priorizar os objetivos particulares. Enquanto sociedade, penso que somos carentes de objetivos coletivos, que satisfaçam os desejos e necessidades de uma coletividade. Que saibamos o que estamos fazendo e para onde estamos indo. Pois quando não sabemos para onde vamos, qualquer caminho nos leva para algum lugar. 
Sendo assim, gostaria de deixar essa reflexão, para que possamos seguir em frente. Já dizia um provérbio africano: “se quiser ir rápido vá sozinho, se quiser ir longe vamos juntos”. 

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