O Espírito de Deus sopra onde e como quer
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sexta, 24 de setembro de 2021

Deus é livre para conceder os seus dons. Além disso, pode usar os instrumentos que desejar, para que seus apelos e suas ações cheguem a nós. O amor e a misericórdia de Deus não têm limites. Ninguém, pois, tem o monopólio de Deus nem a exclusividade em receber e transmitir sua vontade de salvação.
Hoje somos convidados, na Sagrada Liturgia, a jamais entender os que não creem e não pensam como nós como se fossem inimigos ou concorrentes. O Espírito de Deus sopra onde quer e não se prende a nenhuma estrutura humana. Há muitas pessoas e instituições que não são cristãs, e que também espalham o bem, a justiça e a verdade pelo mundo. Devemos amar e defender as instituições e realidades de nossa fé cristã, mas nunca encarar aqueles que não pensam e não tem exatamente os mesmos valores que temos como adversários. Deus pode também inspirá-los para o bem.
Na 1a Leitura de hoje (Números 11,25-29) vemos como o Espírito do Senhor é dado não só aos que estavam na Tenda da reunião, mas também a dois homens que ficaram no acampamento. Não somos nós que podemos colocar limites à ação do Espírito de Deus. Nenhuma instituição, mesmo de origem divina como é a Igreja pode monopolizar o Espírito de Deus.
O Salmo Responsorial deste Domingo é o Salmo 18. Entre tantas coisas, pedimos ao Senhor que Ele nos livre do orgulho. Ser cristãos não deve ser para nós motivo de orgulho humano ou de vaidade. Mas sim, de responsabilidade em guardar a Lei do Senhor e deixar-nos instruir por ela.
O texto da 2a Leitura deste Domingo é tirado da Carta de São Tiago (Tiago 5,1-4). O Apóstolo refere-se aos ricos da Comunidade de seu tempo, preanunciando aos mesmos o castigo que os esperava, caso não se convertessem do mal causado àqueles que foram injustamente tratados por eles, deixando de pagar os salários justos e vivendo luxuosamente, com alma insensível às necessidades dos irmãos. 
Os bens acumulados nesta terra, fruto da exploração e da injustiça para com os mais pobres tornam-se um grande mal e um princípio de desgraça eterna. É preciso jamais separar a nossa fé em Deus da forma concreta de se viver. De um cristão, exige-se desapego e responsabilidade no trato das coisas materiais.
O Evangelho (Marcos 9,38-43.45.47-48) nos transmite as normas e orientações precisas e objetivas de Jesus no sentido de se viver um autêntico espírito de serviço: é preciso ser compreensivo e tolerante para com aqueles que não fazem parte da Comunidade cristã, da mesma forma que Nosso Senhor nos ensina a praticar a caridade e a defender os pequenos e pobres. Estas atitudes práticas devem estar acompanhadas de um princípio de vida: o cuidado contra as tentações que nos assediam e a evitar a falsa segurança de confiar em si mesmo.
Nossa participação na Sagrada Eucaristia deve sempre nos levar a fazermos de nossa vida uma oferta ao Senhor, comprometendo-nos a respeitar a liberdade dos demais.
 

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