Deus cuida de nós
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quinta, 29 de julho de 2021

No meio do deserto, em uma situação de extrema precariedade, o povo hebreu tomado por grave incredulidade, reveladora da falta de confiança na providência divina, experimenta uma intervenção direta de Deus em seu favor, fato este narrado na 1a Leitura deste Domingo (Êxodo 16,2-4.12-15). Tal intervenção não tem a finalidade de condená-los pelo pecado cometido mas, ao contrário, de confortá-los. 
Deus responde às reclamações do povo dirigidas a Moisés, fazendo descer do céu o maná, junto com as codornizes. Através deste alimento, Deus mostra a seu povo a eficácia de sua providência, de seu cuidado para com aquele povo que Deus tinha tirado do Egito de forma extraordinária.
Deus nunca abandona o seu povo. Nas horas mais difíceis e sofridas de seus filhos, sempre a presença do Senhor é um reconforto, uma manifestação de seu cuidado e de seu amor.
O tema da busca da Unidade reaparece na 2a Leitura deste Domingo (Efésios 4, 17. 20-24). O convite do apóstolo São Paulo, é o de vivermos a vida cristã a partir de um profundo conhecimento unitivo de Cristo. Não é um simples conhecimento “intelectual” a que São Paulo se refere, mas um conhecimento que leva à comunhão de vida com o Senhor. 
No trecho de hoje, encontramos a consagrada antítese do apóstolo, que se expressa nos termos “homem velho – homem novo”. Viver como homem novo, segundo o Espírito de Deus, significa romper com o pecado e colocar-se vitalmente à disposição de Deus para uma contínua e crescente renovação interior tendo como objetivo a justiça e a santidade de vida. 
O cristianismo não é uma veste exterior nem uma vida de dividendos do passado (fui batizado, fiz a 1a Eucaristia…). A vida em Cristo é uma realidade transformadora para o hoje, para o dia a dia de um cristão: deixar-se renovar pelo Espírito que nos transforma em criaturas novas.
O Evangelho de hoje (João 6,24-35) nos relata a dificuldade de compreensão das multidões em relação à pessoa de Jesus e aos sinais do reino que Ele realiza (curas, multiplicação dos pães etc).
As pessoas que acompanhavam Jesus ficam presas a estes sinais na medida de que os mesmos saciam ou resolvem suas necessidades materiais. Jesus tem outra intenção: quer que eles os compreendam na direção da fé e portanto, que compreendam sua pessoa e sua missão de salvação. Nosso Senhor os convida a que ultrapassem uma simples visão materialista e abram-se à compreensão da realização do Plano de Salvação que Ele representa.
A exigência de Jesus é grande… significa um convite a sair do imediatismo das necessidades materiais e deixar-se guiar pela fé, ou seja, adquirir a capacidade de ver nos sinais milagrosos a ação da Graça salvadora de Deus, que vem ao encontro de uma humanidade carente não somente do pão material, mas de um verdadeiro sentido de vida. Esta vida é bem mais do que o pão material: somos chamados à plenitude da comunhão com Deus no céu, e o caminho para isto é Jesus, Pão da vida que nos alimenta neste difícil caminhar.
O tempo de nossa vida é história humana, sem dúvidas. Mas é também história de Deus que se faz presente em nossa existência com estes sinais indicadores da vida eterna, dentre os quais a Eucaristia tem especial preponderância. 
 

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