Nossa ignorância frente ao mundo depõe nossas fraquezas diante do emaranhado de coisas que não sabemos. Mas, quem disse que deveríamos saber sobre tudo? Alguém por acaso consegue deter o conhecimento sobre o tanto de coisas que nos cercam? Creio que não, embora existam os “achólogos de plantão” sempre dispostos a responder questões suas, dos outros e da humanidade. Distante desses tipos pitorescos de gênios do oráculo, no fundo sabemos que muitas questões somente nós poderemos responder, assim como outras jamais terão argumentação. O ser humano é por si contestador e já nasce assuntando tudo a sua volta: “Esses são meus pais?” “Essa é a vida?” “O que estou fazendo aqui?” E assim ocorre sucessivamente no curso da vida, perguntas e mais perguntas em uma enquete que dá inveja aos mais aficionados pesquisadores.
As inquietações não deveriam nos fazer sofrer e nem frustrar pela falta de respostas, já que a vida seria deveras enfadonha se tudo estivesse resolvido e no seu lugar. Ah se não fosse o desassossego, o conformismo teria nos estagnado ao tempo das cavernas, pois foi a inquietação em saber, a grande responsável pela maioria das invenções que temos no mundo. A célebre frase “Só sei que nada sei”, atribuída a Sócrates, singulariza nossa humildade em admitir que não somos “donos da verdade”, e que estamos sempre aprendendo nesta vida na medida em que “A dúvida é o princípio da sabedoria” (Aristóteles). Vivemos em constantes descobertas que vão de um insight de uma teoria a uma nova receita de bolo e é essa movimentação no estado das coisas que nos faz crescer como pessoas.
Sobre os saberes, não reduza como fonte de aprendizado os bancos de escola e a academia, pois tem coisas que a gente só aprende com nossos parceiros de caminhada. Não desdenhe em aprender com o mendigo que fenece pelas ruas, pois ele é doutor em resiliência. Assim, como o colono que vive no mato, na casa simples e que lhe dará o melhor que dispuser em casa, já que é mestre em humildade. A referência muitas vezes está ao lado, nos conselhos de uma avó, mas é claro que procurar um coach para nos dizer como viver nossa própria vida talvez seja mais nobre e ainda certifica! Nossos currículos promovem nossas expertises acadêmicas, profissionais, em idiomas, mas não traduzem nossos outros saberes, aqueles que nos distinguem da massa e nos fazem ser únicos. E se houvesse nos currículos, um setor que informasse nossos outros saberes? Qual a validação de falar que sabemos cozinhar comida mediterrânea (a não ser que se esteja candidato a uma vaga em restaurante), ou que fazemos bons planos de viagens (se a vaga não é para uma agência de turismo), que somos bons ouvintes, conselheiros e que sabemos “tirar leite de pedra”? São saberes às vezes inusitados, mas que fazem toda diferença ao imprimir nossa personalidade. Na lição das coisas que eu sei e das que posso aprender, somos eternos aprendizes, pois “O saber a gente aprende com os mestres e com os livros. A sabedoria, se aprende e? com a vida e com os humildes.” (Cora Coralina).
Bons Ventos! Namastê.
