Pão para a vida eterna
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quinta, 22 de julho de 2021

Um dos problemas mais angustiantes de nossos tempos é o da fome. Problema que afeta milhões de pessoas, em diversos lufares do mundo. Não bastasse a fome do pão material, o homem pós-moderno sofre também de uma anemia produzida pela fome de um sentido autentico de vida, fome de Deus. Na verdade, em nosso tempo, abundam verdadeiros cadáveres famélicos ambulantes.
Os profetas do Antigo Testamento anunciavam tempos de abundância para os povos. Uma das visões proféticas de Isaías retrata esta realidade prometida por Deus: “Preparará o Senhor dos Exércitos, para todos os povos, neste monte, um banquete de carnes gordas, de vinhos excelentes, de comidas suculentas, de vinhos finos.” (Isaías 25,6). As ideias que predominam neste anúncio profético são as da abundância e da saciedade. 
Também o Evangelho deste Domingo (João 6,1-15) acentua este aspecto: “encheram doze cestos com os pães que sobraram”. A abundância acontece porque Jesus interessa-se pela fome daquelas pessoas. É Ele o sujeito gerador da saciedade. É Ele quem sacia a fome: naquela situação a fome material de um grupo específico de pessoas, mas como sinal de algo maior e mais abrangente. É Ele quem mata a fome de sentido de vida de toda a humanidade. Quem dele se aproxima, quem O segue terá saciada a sua fome existencial.
Os pães multiplicados e distribuídos, são pães de cevada, ou seja, pães dos pobres, de quem não tem na vida nenhuma segurança humana. Os pães multiplicados são dons de Deus, mas são acompanhados com um convite do Senhor: de que ninguém fique preso a este momento de saciedade, mas avance com o olhar da fé para a multiplicação do pão que é Jesus, multiplicação esta que acontece em cada Eucaristia, na qual o Senhor se dá como Pão da vida eterna. 
A 1a Leitura (2 Reis 4,42-44) é um texto com grande paralelismo com o Evangelho de hoje. Retrata a oferta que é dada a Eliseu de algumas primícias, ou seja, de algo que deveria ser entregue a Deus. Mas diante da realidade da fome daquelas pessoas, estes dons se multiplicam, pela benção de Deus. Todos os necessitados são saciados. E assim como no texto do Evangelho, o pão é abundante e ainda há sobras, como o Senhor tinha prometido.
A 2a Leitura (Efésios 4,1-6) nos ensina que formamos um só corpo em Cristo e, como consequência, somos chamados a viver a unidade. O cristão é alguém apaixonado pela unidade verdadeira e sabe que ela é um dom de Deus, que exige de cada um de nós a humildade e a mansidão.
Neste Domingo, a Palavra do Senhor nos ensina a superarmos uma simples visão humana da vida, focada tão somente em conseguir o pão material cotidiano. Somos chamados a horizontes mais amplos. Todos necessitamos de um alimento que nos faça adquirir coragem para enfrentar os embates deste mundo.
A Eucaristia, Corpo e Sangue do Senhor é este alimento. É a certeza de que Deus nos ama, de que Ele cuida de nós e que, pelas estradas do mundo, nos conduz ao seu Reino eterno no céu. 
 

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