Sobre Latidos e Miados
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sexta, 24 de janeiro de 2025

O Brasil tem 213 milhões de habitantes. Todos entendem de futebol. Assim o País é constituído por 213 milhões de técnicos. Todos convencidos e ninguém  dá o braço a torcer. Se o juiz marca pênalti num Gre-Nal, metade dos torcedores afirma que a penalidade existiu e a outra metade jura que o árbitro está roubando... Se em futebol, cada um raciocina a seu modo, o mesmo vale com relação a cães e gatos. Como diz o refrão: “Quantas cabeças, tantas sentenças”. Não me incomodo se o  Leitor pensar diferente de mim. Todavia, ouso expor as minhas idéias caninas!

 

O Livro do Gênesis, que fala sobre a criação do mundo, escreve que Deus, ao criar o homem, deu-lhe o poder de dominar sobre todos os animais. Além disso, também apresentou ao homem todos os animais para que lhes desse o nome. Dar o nome, na tradição antiga significava ter a posse daquele bem. Em síntese: O ser humano estava acima dos seres animais, incluindo-se logicamente também cães e gatos!!!

 

Na minha infância, lembro que meu avô possuía um cachorro, chamado Fiel, autêntico guarda da propriedade. Ai de quem se aproximasse, sem a permissão do vovô. Ele enfrentava gente, animais de qualquer espécie e até mesmo outros cães. Morreu o valoroso Fiel, brigando com um porco espinho que o crivou com suas setas.

Meu pai também era proprietário de um prestimoso cachorro, o Caju, que além de protetor da casa, era perito nas caçadas para ‘levantar’ as codornas no campo. Meus próprios netos são apegados numa cachorrinha, a quem dedicam carinho, cuidados e, obviamente, comida. Falo tudo isso, para verem que não sou pré-conceituoso.

 

Entretanto, muitos se apaixonam tanto por estes animais que ultrapassaram os limites. Está certo que o cãozinho retribui o afeto, é generoso, não exige pagamento, nem carteira assinada, nem 13º, nem hora extra. Está sempre disponível nos feriados, de dia e de noite. Não reclama se o dono sai de férias  e ele tem de conviver em outro ambiente. E na volta recebe o patrão com pulos, doces latidos, faz festa e não se cansa de passar as patinhas nas pernas, no colo e mesmo no rosto dos proprietários. Tudo  normal. Mas, ao desfilar pelas ruas seguidamente deixam suas ‘lembrancinhas’ asquerosas. Quando estive em Londres, no parque, as pessoas  levavam uma sacolinha para coletar as ‘aliviadas’ caninas. Aqui, só quem faz este serviço é a chuva! E o povo, inadvertidamente, pisa nas fezes. O fedor se gruda no calçado e ele sai mal cheiroso, não sabendo a origem do ‘perfume’!!!

 

Vejo na televisão, madames dedicando tanta atenção ao bicho, que os humanos ficariam enciumados. E até, revoltados. Mimoseiam-no com palavras dulçurosas, levam no colo, dormem com ele e beijam na boca! Além de anti-higiênico, é pernicioso. Baseio-me no Catecismo nº 2418: “Pode-se amar os animais, porém não se deve orientar para eles o afeto devido exclusivamente às pessoas”. O Cura de Ars dizia: “Deixai uma paróquia dez anos sem padres e adorarão os animais”. No Antigo Testamento (Ex 32,28) o povo esqueceu Deus e fez para si um Bezerro de Ouro. Receberam dos Céus uma ‘leve’ reprimenda: “morreram à espada três mil homens”. A dignidade do ser humano, criado à semelhança de Deus, não pode ser suplantada pelo status do animal, criado para ser servo e não senhor do Homem.

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