E se não chover?!
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sexta, 03 de setembro de 2021

No Rio Grande até que está chovendo. Porém, grande parte do território nacional sente a falta da chuva. Alguns indicadores atestam ser esta a maior crise de água há 90 anos. As consequências logo as sentiremos: muitos produtos agrícolas estão perecendo, afetando a comida no prato e o dinheiro no bolso. Os reservatórios das hidrelétricas baixam o nível assustadoramente, ameaçando racionamento ou corte de luz. E hoje, a eletricidade é quase tão importante quanto o ar que respiramos, o alimento que comemos e a água que bebemos. 
A partir de setembro, o governo já ordenou a diminuição dos gastos com energia elétrica em 20% nos prédios e entidades públicas. Elogiosamente, deu o exemplo, convidando ao mesmo tempo a população a economizar. Desliguem o ar-condicionado, os chuveiros com água quente e apaguem as lâmpadas, se ninguém está no quarto ou na sala. É preferível sofrer racionamento de 20% do que 100%. 
O Alto Uruguai apresentou utilíssima reportagem sobre o consumo de água no mundo como também no Brasil: 70% de toda a água é utilizada na irrigação das lavouras; 22% na indústria e apenas 8% no consumo doméstico. O grande vilão é a atividade rural. Mas se ao invés da irrigação, por meio dos pivôs, fosse utilizado o sistema de gotejamento, o desperdício cairia 60%. Vê-se então que há solução. Na peregrinação que fizemos em Israel, liderados por Dom Bruno, constatamos in loco esta técnica. Lá, qualquer árvore é umedecida pelas gotas econômicas, levadas à raiz por tubos de polietileno. Na pátria de Jesus, só chove em quatro meses no ano. 
Há também outras estratégias, que muitos desdenharão. Lembro-me na minha infância, durante longos períodos de seca, a população saía às ruas para as rezas. As aulas eram suspensas (eu até gostava) para que nós engrossássemos o número dos peregrinos. Íamos de Taquaruçu do Sul a Vista Alegre, em procissão, com a cruz na frente. Um piedoso cicerone de Vista Alegre, que liderava o cortejo, ao chegar com a cruz perto da encruzilhada que margeava a sua roça, onde os pés de milho estavam murchos e as espigas magras, virou a cruz para as suas plantações e murmurou ao Deus onipotente: “Sinhor, varda in dô, hé, varda in dô” (Ó Deus, olha para baixo...).
No Antigo Testamento, o profeta Elias alertou o Rei Acab, que o povo sofreria uma prolongada estiagem se não abandonasse os seus ídolos e parasse de pecar. Narra aquele episódio pitoresco, no Monte Carmelo, em que Elias desafia os 450 sacerdotes do deus Baal para que mandasse fogo do céu e consumisse o sacrifício do touro sacrificado. Óbvio que nada aconteceu. Então Elias fez o mesmo no altar dedicado ao seu Deus, e então desceu fogo do Alto, e logo após o fogo, a chuva predita pelo profeta. Se hoje, a população prefere outras estratégias, vira as costas a Deus e seus Mandamentos, não se queixe da falta de chuva. Mesmo que Elias não volte à terra para advertir os cristãos dos seus desvios, não custaria fechar o comércio, as escolas e as instituições públicas e enveredar por uma procissão de duas horas, com rezas e cantos. Garanto que o Senhor ‘vardaria in dô’! Também parece que está faltando chuva de gols no ataque do Grêmio... Não desesperem! Aposto um touro contra uma coxa de galinha que o Imortal não cairá!!!
 

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