Há dois mil anos vivia na rústica vilazinha de Nazaré, um jovem diferenciado chamado Jesus. Embora Deus, era visto como cidadão comum. Tão comum que, quando numa certa aula na sinagoga, lendo uma passagem da escritura, deixou atônitos os presentes, proclamando: “EU sou ESTE que os profetas anunciavam”. Seus vizinhos exclamaram: “Não é ELE o filho do carpinteiro”? Alguns até deviam ter dELE comprado móveis e aberturas. No lago de Tiberíades, mais de uma vez, nadou e foi pescar. Fez amizade com os pescadores especialmente com Pedro, André, João, Tiago.
Numa bela tarde, chamou Pedro em particular e segredou-lhe: “De hoje em diante, deixarás as redes e o barco e serás pescador de homens. Tu és Pedro e sobre ti construirei a minha Igreja. Terás as chaves da autoridade e o que ligares sobre a terra será ligado no Céu”. O velho pescador seguiu Jesus por três anos. Após a morte do Senhor, que o mandara pregar o Evangelho por toda a parte, viaja para Roma, a Capital do universo e lá planta a cruz do Cristianismo, cruz na qual ele seria crucificado também. Nesta missão seguiram-no Lino, Cleto, Clemente até chegarmos ao 266º Papa, chamado Francisco, que acaba de falecer.
Jorge Mário Bergoglio governou a Barca de Pedro por 12 anos, seguindo o rumo ditado pelo Espírito Santo. Não sem razão, a Igreja proclama o dogma da infalibilidade, “que em matéria de Religião o Papa não pode errar”. O primeiro país a visitar foi o Brasil. Espirituosamente aqui falou: “Deus é brasileiro, mas o Papa é argentino”. Colocou os pés na África, na Ásia e no Oriente Médio, territórios em parte hostis à religião católica. Dialogou com representantes de praticamente todos os governos, bem como de outras religiões que não a católica. Enriqueceu o ‘Depósito da Fé’ com quatro marcantes encíclicas: Dilexit nos, Fratelli Tutti, Laudato Si e Lumen Fidei. Recomendou, no testamento (no qual não havia bens a declarar) que suas exéquias fossem despojadas e os restos mortais descansassem na Igreja de Santa Maria Maior, dedicada à Virgem a quem sempre se recomendava antes das suas viagens.
O orbe inteiro ficou chocado com o repentino anúncio do seu falecimento. Governantes de praticamente todos os países estão indo ou se farão representar no inédito funeral. Quem imaginaria que o sucessor daquele desconhecido pescador do Mar da Galiléia, dois milênios depois, sacudisse o universo com a simples notícia da sua morte. Ele que não possuía nem ouro nem exércitos. Sim, mas por trás, está a divindade do imortal NAZARENO chamado Jesus.
Talvez, comoção ainda maior, viveremos daqui a poucos dias, quando será eleito o novo Papa. Cento e trinta e cinco cardeais em conclave (com chave) incomunicáveis, na Capela Sistina, sem telefone e sem celular, somente com o ouvido aberto para o Espírito Santo, escolherão quem governará a Igreja Católica. Serão necessários 90 votos. Rádios e televisões estarão focadas na famosa chaminé, aguardando a fumaça branca e o anúncio do “habemus Papam” (temos Papa). Desejaria que fosse um Papa negro. Ontem, Arinze era cotado. Hoje, outro africano Fridolin Besengu tem chances. Mas quem decide é o Espírito Santo. Fiat voluntas tua! Assim no Vaticano como no Céu.
