Depois das acusações de estrupo de incapaz, reveladas em reportagem do portal The Intercept Brasil, o Bispo da Diocese de Frederico Westphalen, Dom Antonio Carlos Rossi Keller, divulgou um vídeo em suas redes sociais, na última quinta-feira, 30, no qual se defende sobre o caso.
A reportagem do The Intercept revelou uma denúncia do Ministério Público (MP) que cita, segundo o portal, que o bispo teria abusado do ex-coroinha Lucas Faligurski, que morou com ele na residência episcopal. Os crimes teriam ocorrido entre agosto de 2008 e fevereiro de 2010, quando Faligurski tinha entre 13 e 15 anos, conforme o MP.
De acordo com o bispo, as acusações teriam iniciado a partir de sua cobrança para que alguns padres cumprissem com seu papel sacerdotal e não permitissem o predomínio de “ideologias político-partidárias” dentro da igreja. Para ele, em represália, os padres teriam armado a denúncia, chamada de “ação de revanchismo e vingança” por Dom Antonio.
Segundo ele, as denúncias buscam “desvirtuar o sacerdócio católico” e fazê-lo perder sua hegemonia local. “Não aceitarei calado é que me usem para manchar nossa Diocese, nossa igreja católica é dos católicos e demais cristãos. Estão em busca de fama e dinheiro, desmerecendo a igreja católica”, cita no vídeo.
O advogado do ex-padre Claudir Miguel Zucchi, Evans de Melo, nega as acusações do bispo e afirma que ele “falta com a verdade de modo ostensivo”. “Em juízo, disse que não está sendo perseguido por ninguém, temos o trecho do vídeo em que ele afirma isso”, diz Melo.
Conforme o advogado, não há ações trabalhistas contra o bispo.
– Não existe nenhuma ação trabalhista, isso é incitar a população contra meu cliente. Padre Zucchi nunca propôs nenhum acordo judicial a ele. O que propus, na época, foi extinguir o processo administrativo instaurado pela comissão da igreja, já que ele estava ilegal, com uma comissão sem advogados, não nos dando nem acesso ao processo – afirma o advogado.
Melo esclarece quais são as ações movidas por Zucchi. “Única ação é contra o bispo, contra a Diocese e a nunciatura para que o processo de punição do padre Zucchi fosse anulado já que não houve o devido andamento legal, feito sem o direito contraditório”, alega.
O advogado assegura desconhecer que a demissão do então padre Claudir Zucchi tenha sido citada pelo Papa Francisco, como é dito pelo bispo em seu vídeo de defesa. “Não estamos sabendo disso, pois nem tivemos acesso ao processo de afastamento do padre. Tivemos que acionar a OAB para que pudéssemos ao menos assistir a audiência. Tentamos juntar documentos aos autos, mas não nos foi permitido. Se há essa posição do Papa, então que seja mostrada”, declara.
Sobre as acusações de que as denúncias teriam motivos político-partidários e financeiros, o advogado nega. “Ele diz que meus clientes estão em busca de ganhos financeiros, mas eles não precisam da igreja para sobreviver. Pelo contrário, trabalham e são independentes. Padre Zucchi, por exemplo, pagou todos os seus estudos com o seu trabalho. Meus clientes não têm interesses político-partidários. Quem sai em palanque defendendo políticos, é ele, e acusa os outros. Isso é uma inverdade”, finaliza.
Ainda, segundo o bispo, ele foi absolvido da denúncia dentro da igreja, após uma nunciatura. Na esfera civil todas as imputações foram rejeitadas e que na esfera criminal as acusações foram arquivadas, mas continuam tramitando em segredo de justiça no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul a partir de recurso do Ministério Público do RS, o qual o bispo diz ter “todo respeito” de sua parte.
Dom Keller afirmou que em virtude do cumprimento do segredo de Justiça tem dificuldade de se defender integralmente. Finalizou pedindo orações, agradecendo ao apoio e afirmando que no momento certo irá se pronunciar com ainda mais clareza sobre os fatos.
