O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, em 2024, as primeiras estimativas de população com base nos dados do Censo Demográfico 2022, apresentando uma visão abrangente sobre as mudanças demográficas no Brasil e em seus estados até 2070. As projeções apontam para um crescimento populacional desacelerado, com a população brasileira atingindo seu pico de 220.425.299 habitantes em 2041, a partir do qual começará a diminuir, chegando a 199.228.708 em 2070.
A taxa de fecundidade do país, que em 2023 era de 1,57 filho por mulher, deve continuar sua trajetória de queda, atingindo 1,44 em 2041, o menor nível histórico. A redução dessa taxa é atribuída a transformações estruturais na sociedade, como a urbanização, o aumento da escolaridade feminina e a entrada das mulheres no mercado de trabalho, fatores que influenciam diretamente as escolhas reprodutivas.
O Rio Grande do Sul se destaca entre os estados com os maiores desafios demográficos. De acordo com as projeções, o estado deverá registrar a diminuição de sua população a partir de 2027, um reflexo do envelhecimento populacional e da baixa fecundidade. Atualmente, o Rio Grande do Sul tem a maior idade média do Brasil, com 38,1 anos, e uma proporção crescente de idosos. Entre 2000 e 2023, a faixa etária de 60 anos ou mais passou de 8,7% para 15,6% da população, e as projeções indicam que, em 2070, cerca de 37,8% dos brasileiros terão 60 anos ou mais.
O número de nascimentos também segue uma tendência de queda. O Brasil registrou 3,57 milhões de nascimentos em 2000, cifra que diminuiu para 2,57 milhões em 2022. Para 2070, a estimativa é que esse número caia ainda mais, com 1,49 milhão de nascimentos por ano. O fenômeno é especialmente pronunciado no Nordeste, mas também afeta outras regiões do país, incluindo o Sul. O impacto da redução da fecundidade é visível na diminuição do número de nascimentos no Rio Grande do Sul, que já apresenta taxas de natalidade abaixo da média nacional.
Além disso, as projeções revelam uma queda significativa na taxa de mortalidade infantil, que passou de 28,1 óbitos por mil nascidos vivos em 2000 para 12,5 em 2023. Para 2070, a estimativa é que essa taxa chegue a 5,8 óbitos por mil nascidos vivos, resultado de avanços no atendimento à saúde infantil.
Outro dado relevante é a esperança de vida ao nascer, que, no Brasil, passou de 71,1 anos em 2000 para 76,4 anos em 2023. A expectativa é que continue a crescer ao longo das próximas décadas, atingindo 83,9 anos em 2070, refletindo os avanços nas condições de saúde e qualidade de vida. No Rio Grande do Sul, a longevidade da população também é uma tendência crescente, refletindo o envelhecimento da sociedade gaúcha.
Essas estimativas são fundamentais para a formulação de políticas públicas voltadas para as áreas de saúde, educação e assistência social, já que permitem prever a demanda por serviços e a distribuição de recursos nos próximos anos. Além disso, as projeções de população influenciam o cálculo de fundos federais, como o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e o Fundo de Participação dos Estados (FPE), impactando diretamente as finanças dos estados e municípios, incluindo o Rio Grande do Sul.
Em síntese, as projeções do IBGE indicam que o Brasil, assim como o Rio Grande do Sul, enfrenta um cenário de estagnação e envelhecimento populacional, com implicações significativas para a estrutura social, econômica e política do estado e do país.