DNA Mater
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sexta, 12 de maio de 2023

Dia das Mães se aproximando e um baú de recordações se abre, mostrando pedaços da infância e retalhos de vivências em família que se fundem em uma profusão de sentimentos, difíceis de traduzir em palavras. Se as fotografias esmaecem com o tempo, as lembranças tatuadas na alma são memórias para todo o sempre, sejam boas ou más. No que tange às mães, quase sempre as reminiscências são agradáveis e alegres, a ponto de nos emocionar e desejar voltar no tempo na tentativa de desfrutar os mimos que a infância e a adolescência nos brindavam. Pequenos paparicos que atendiam nossa fome por bolos de fubá, arroz doce e sagu com creme. Que nos aguardavam regressar da faculdade para fritar o bife que completaria o jantar, mesmo a refeição estando mais para ceia por passar das 22 horas. Paparicos que nos avisavam para portar um casaco e um guarda-chuva à mercê de nossos ranços em achar chato esses avisos (carinhos). Os presentes fora de data e o desvelo incansável frente a nossa dor representam a mais bela e pura forma de amor, que só as mães podem dar. E a paciência...? Já nascemos incomodando com choros intermitentes e exigências por 24 horas de atenção. Não queremos saber das necessidades dela (mãe), mas que priorize as nossas. Ao longo da vida, testamos sua serenidade com um milhão de coisas. Abusamos de sua benevolência ao passo que diminuímos, por vezes, as demonstrações de amor. Elas envelhecem quase sem percebermos, pois, é difícil aceitar ver quem amamos se esvaindo com o tempo, implacável em trazer além das marcas da idade as doenças e por fim, a morte. As mães deveriam ser imorredouras, permanecendo até o nosso último suspiro, o que seria extremamente injusto já que a maior dor de uma mãe é a perda de um filho. Deixemos que elas descansem quando o momento chegar, pois sabemos que continuarão a nos guiar de onde estiverem, pois nos amam.  Que o tempo que resta seja bem aproveitado. Que perdões sejam dados. Que as flores sejam dadas em vida, já que as lápides no cemitério jamais nos acolherão com um abraço. Que possamos valorizar o que muita gente não tem ou nunca teve: uma mãe! Dia 14 de maio, enquanto muitos comemoram junto às suas mães, uns se dirigem aos cemitérios e outros soçobram em orfanatos, desprovidos de memórias maternas. Ainda temos as “esquecidas”, pobres mãezinhas depositadas em asilos ou sarjetas, que enganam a dor congelando a lembrança dos filhos quando pequenos, recorrendo a elas para matar as saudades de fantasmas que pagam com ingratidão aquela que lhes concebeu. Se a essas alturas do texto, algo lhe mexeu nas entranhas destilando algum tipo de emoção, se lembre que ainda há tempo. Faça o dever de casa e dedique mais tempo e amor se ainda tem a mãe por perto. Se porventura, ela já tiver partido, distribua um pouco desse amor para quem também carece de abraçar um filho e visite um asilo. E você que é mãe - dizem que em coração de mãe sempre cabe mais um -, acolha um órfão emprestando um pouco o colo de seus filhos e visite um orfanato. O amor é a força motriz sendo os atores, escolhas que fazemos para transmitir esse sentimento que se guardado, vira mágoa/tristeza/remorso/rancor. Minha homenagem as mulheres com DNA materno que pariram ou adotaram filhos. Vocês são iluminadas, guerreiras e únicas! Meu tributo a minha mãe, Geci D’Ávila Campanella, escrito nos idos dos meus 22: “Você é poesia, porto seguro onde habita a minha paz. (...) seus passos iluminados são sagrados na minha bíblia de valores. E o seu sorriso tão constante, chega ao meu semblante como uma pétala de AMOR”. (Campanella, Lana. Autores Gaúchos 92. Porto Alegre: Caravela 1992).
Bons Ventos! Namastê.
 

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