O azedo poder
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quinta, 12 de junho de 2025

Não é meu perfil falar sobre este tema, mas achei importante tecer meu depoimento. O poder no Brasil, descrito como “azedo”, é o retrato de um sistema político corroído por desigualdades históricas, corrupção e a falta de representatividade real dos três poderes, isso todos já sabemos. Esse sabor amargo é sentido na desilusão popular, na descrença nos governantes no poder judiciário e nas promessas que raramente saem do papel, fruto de práticas clientelistas que privilegiam interesses pessoais e grupos restritos em detrimento do bem comum. É um poder que alimenta a polarização e diminui a confiança na democracia.

Hoje, o azedo poder se manifesta também na disputa constante entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, que, em vez de buscarem o equilíbrio e a harmonia previstos na Constituição, parecem muitas vezes atuar em disputa como um conflito aberto. O Judiciário, ao avançar sobre competências do Legislativo, e este, por sua vez, ao buscar limitar decisões judiciais ou blindar aliados, contribuem para a instabilidade institucional. O Executivo, muitas vezes reage com ataques verbais e retóricas inflamadas, perseguições sem fim, com isso aprofundando a desconfiança nas instituições e no Estado democrático de direito. Essa disputa, alimentada por vaidades e interesses vingativos, azeda ainda mais o ambiente político, afastando o país do diálogo construtivo e da cooperação necessária para resolver os problemas reais da população.

Mas é possível reverter esse quadro. A força transformadora está nas mãos da sociedade civil, das pessoas que exigem mudança e que não aceitam mais o azedo como o único sabor possível. A regeneração do poder passa por educação cidadã, por participação política consciente e por instituições mais transparentes e responsáveis. Enquanto isso não acontecer, o azedo vingativo continuará sendo o gosto dominante, impedindo que o Brasil alcance a justiça e o progresso que seu povo merece.

Até a próxima.

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