Você está contente com o seu deputado?
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sexta, 17 de março de 2023

Fui vereador no tempo da Ditadura de 64. Era ditadura, mas sempre teve eleições. E não só para vereador, mas também para prefeito. E vigia alternância de poder. Uma hora ganhava a Situação. Outra hora ganhava a Oposição. Também sempre se votou para Deputado Estadual, Federal, Senador e Governador. Só não se votava para Presidente. Este era escolhido pelo Exército, que procurava selecionar o que tinha de melhor. E ninguém se perpetuava no Poder. Passados os quatro anos, o General era rebaixado e tinha tanta autoridade no Governo da República quanto um recruta. 
A Câmara daquele ano de 1.969 era composta por mim, Waldomiro Vanelli Pinheiro, Nolci Antônio Sebben, Gentil Daggios, Eudes Bordignon, Jayme J. Locatelli, Cleci Gelvir Damo, João Vendruscolo e João Moro Zanatta. O Prefeito era Nerone Campo e o único funcionário da Casa era o Piovesan, que nas horas vagas, ainda era convocado pelo Prefeito para ajudar na Prefeitura. Embora do mesmo partido, eu de Taquaruçu e o Eudes de Vista Alegre, brigávamos para conseguir mais recursos e investimentos para nossas localidades. Por que cito esta Câmara? Porque todos os Vereadores exerciam seu mandato GRATUITAMENTE. Nem gasolina dispúnhamos, nós que não morávamos na sede do Município. Com o tempo surgiu um movimento pelo pagamento dos edis municipais, que vingou, e penso que jamais se extinguirá. Qual a razão? Porque o sistema da gratuidade favorecia os ricos, que tinham condição de bancar a sua eleição!!! Vejam, agora, se os pobres estão nas Câmaras!
Manchete do CP de 21 de fevereiro, página 3: “Câmara Federal vai gastar mais de R$ 6 bilhões com salários”. Considerando que são 513 os deputados federais, o País, (leia-se o povo brasileiro) vai gastar por ano quase R$ 11.700.000,00 para pagar as despesas de cada Deputado. Dividindo-se por 12 meses, temos um gasto de quase UM MILHÃO DE REAIS por mês para termos um Deputado Federal em Brasília. É bom lembrar que o salário mínimo do trabalhador chega a R$ 1.320,00. Ninguém está advogando a volta do regime ditatorial. Todavia, convenhamos, esta democracia brasileira está sendo salgada para o povo. E toda hora, a mídia, até a CNBB, na Campanha da Fraternidade, falam em combate à fome, à miséria, ao desemprego. 
Voltando para a Câmara, em Brasília, o Jornal ainda cita que, para o funcionamento do trabalho dos nobres representantes do povo, estão à disposição 11,7 mil funcionários, ninguém, é óbvio, com salário mínimo. Para os assessores parlamentares efetivos a remuneração varia de R$ 16.640,22 a R$ 31.536,03. Com o aumento com que foram obsequiados, neste ano, os Deputados Federais passarão a perceber líquidos R$ 39.200,00 mensais, livres de auxílio médico, viagens e moradia. 
Não falo do Senado, que não deve fugir muito disto. Tudo aqui se refere apenas ao Poder Legislativo, não estando incluídos o Executivo e o Judiciário. Esta é a máquina que faz funcionar o Brasil. Você que me lê, eu que escrevo, batamos no peito, pois estes políticos lá estão, porque NÓS os colocamos. Não vieram de outro planeta. Contudo, não se estresse. Logo haverá eleições. Votaremos do mesmo jeito. Poderá mudar o hábito, o monge será o mesmo. E não sejamos ingênuos pensando que o País vai mudar. A não ser que Deus torne a mandar dilúvios, secas, fogo e enxofre!!!
 

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