Apagão de trabalhadores
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sexta, 08 de julho de 2022

A falta de profissionais, antes mais evidente no Sul e Sudeste do Brasil, vem aumentando considerável e rapidamente em todo o país, sendo necessário entender melhor este fenômeno para encontrar soluções. A falta de pessoas disponíveis para trabalhar também vem dificultando a economia de outros países, o que combinado com outros fatores, como pós-pandemia, guerra na Ucrânia, embargos a negócios com a Rússia, dentre outros, gera falta de produtos, desde componentes eletrônicos a medicamentos, o que também gera inflação e recessão.
Alguns profissionais, especialmente mais jovens, se declaram sobrecarregados durante e após a pandemia, além de muitos afirmarem não perceber propósito no que estão fazendo, seja pelas relações no local de trabalho, seja pelas dúvidas que possuem diante das alternativas. Em busca de mais qualidade de vida há grupos buscando vagas onde podem trabalhar menos, e outros, decidindo parar de trabalhar. Somando-se a estes grupos que estão repensando seus vínculos empregatícios, com aqueles que decidem parar de estudar, gerando uma barreira óbvia para aproveitamento no trabalho, tem-se o chamado apagão do emprego, pela falta de profissionais. Na China este movimento está sendo chamado de “tang ping” ou ficar deitado e nos EUA chamado de “great resignation”, ou grande resignação, em virtude da renúncia ao trabalho.
Empresas dos mais diversos setores de atividade com vagas de diferentes níveis e setores não encontram profissionais dispostos a trabalhar, têm vendas, mas faltam profissionais para operar processos desde a produção até a entrega. Naquela fase em que estudar parece chato e penoso, trabalhar e estudar parece um grande sacrifício ou ainda, na fase em que ter compromissos profissionais parece gerar muita pressão, talvez seja necessário mais orientações nas famílias, escolas, faculdades e empresas. Persistência, resiliência, projetos de vida, planos de médio e longo prazo precisam voltar aos diálogos nestes ambientes, independentemente da idade, ou classe social.
Depois de algumas experiências e aprendizados na função ou na organização é mais fácil entender quanto tempo ficar e o quanto investir em cada fase da carreira, reavaliando vez por outra, pois há muitas alternativas para quem está e se mantem qualificado. Trocar de atividade, de função, de empresa, de cidade, pode ser uma alternativa, mas antes é preciso um pouco mais de persistência e experiência no que se começou. Digo isso porque mesmo dentre os jovens profissionais bem formados observa-se muitas trocas de funções e empresas antes de completar uma experiência mais consistente.
Olhar a carreira e a vida como uma espécie de escada, alcançando um degrau de cada vez, ganhando altura, enxergando mais longe para uma visão mais completa, é altamente positivo para uma carreira consistente e de longo prazo. Todavia, não completar um ciclo de experiência e aprendizado, é tão ruim quanto ficar muitos anos, décadas na mesma atividade e função a ponto de perder relevância, tempo e o ritmo da carreira. Dizem que nosso pensamento e comportamento é determinado pelo convívio com as cinco pessoas mais próximas, então, quem está desanimado com os estudos, com o trabalho, com as oportunidades para empreender num negócio próprio ou como colaborador de outras organizações, deveria buscar convívio com pessoas diferentes daquelas em que está convivendo no momento.
Finalizo reiterando que para a melhor qualidade de vida, renda digna e honesta é fundamental e não há muitos outros meios para isso, sem não buscar qualificação e atividade profissional.
Um abraço e até a próxima!

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