À pátria tudo se dá, nada se pede!
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segunda, 13 de setembro de 2021

No dia 7 de setembro do ano que vem, celebramos o bicentenário da Independência do Brasil. Nestes dias tormentosos que atravessamos, vale um exame de consciência: sou eu um verdadeiro patriota? Cristo, ao vislumbrar o extermínio de Jerusalém, exclamou: “Dia virá que teus inimigos te cercarão de trincheiras, te arrasarão com teus habitantes, e não ficará pedra sobre pedra” (Lc 19, 41). E chorou amargamente. Tiradentes, o primeiro mártir da Independência, teve seu corpo esquartejado. Mas isto foi em 21 de abril de 1792. Lá se vão mais de 200 anos. Hoje, quem choraria pela sua pátria? Alguém daria sua vida pelo Brasil?
O que é o Estado? Rousseau, no seu livro Contrato Social, afirma que “o Estado é uma realidade humana, de natureza facultativa, um mal menor”! Para Hegel e Marx, “o Estado é o fim último do desenvolvimento humano”. Hegel adaptou sua doutrina para o Estado Prussiano, da qual se aproveitou Hitler. Marx adaptou sua doutrina para o Estado comunista, da qual se aproveitaram Lênin e Stálin. Hitler levou o mundo para a 2ª Guerra e Stálin sacrificou mais de 50 milhões de russos para estabelecer o seu “paraíso soviético”, que hoje se espatifou. É bom lembrar que os filósofos acima são o prato principal no cardápio das universidades atuais!
A doutrina católica coloca as coisas no devido lugar: “O homem não existe para o Estado, mas o Estado para o homem. O Estado não é o fim último, mas um meio para a consecução do bem comum temporal. O homem tem um destino pessoal e eterno. A família tem sobre a sociedade civil uma prioridade lógica, com direitos inalienáveis e que devem ficar a salvo de qualquer ingerência do Estado. O homem, animal social por excelência, tem o direito de criar associações de finalidade religiosa, moral, cultural e econômica, anteriores ao Estado” (Lei de Cristo, vol. III, pág. 797). Aliás, isto vem corroborado por alguém nada menos que Rui Barbosa.
Como então explicar que existem governos que proíbem a liberdade religiosa, riscam o nome de Deus da Constituição e atentam contra a família? Simples: porque eleitores os elegeram como seus representantes. Se para proteger o rebanho, você escolheu um cachorro que come ovelha, a culpa é sua... Apesar do comportamento condenável de alguns governantes, São Paulo é radical: “Os poderes que existem foram constituídos por Deus” (Rm 13, 1).
Contudo, os administradores poderiam balizar sua conduta pela doutrina cristã: “É responsabilidade do Estado assegurar uma moeda estável” (Cat. 2431). “Os poderes públicos se empenhem para desenvolver os ambientes agrícolas com estradas, transportes, comunicações, água potável, instrução técnica e profissional” (Mater et Magistra 124). “Para a realização do bem comum deve contribuir uma justa proporção dentre os salários” (Q. Anno de Pio XI). “Os governantes devem zelar pela saúde do povo. Quem arruína a sua saúde de maneira absurda, põe em risco a própria salvação” (Häring, pág. 387). Tem-se a impressão que o Brasil ainda está longe de ser uma pátria próspera, quando se desfralda a bandeira e se canta o hino apenas nas passeatas e reivindicações.
 

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