O desafio de ser pai!
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segunda, 09 de agosto de 2021

Ao assinar a Aliança com seu povo, Deus apresentou os Dez Mandamentos. E no quarto foi bem específico: “Honrar pai e mãe”. Não falou nos direitos das crianças, nem dos seus privilégios. Simplesmente ordenou aos filhos que obedecessem. Mas existe também a contrapartida: estariam os pais merecendo a reverência? Nos dias atuais, é um desafio ser pai. Talvez aí resida a resistência de muitos jovens em casar, e casar definitivamente “na dor e na alegria, até que a morte os separe”. Aliás, São Paulo foi taxativo: “Eu quereria que todos fossem como eu, celibatários...”.
Um médico, para se formar, estuda seis anos na faculdade. Um advogado, cinco e outros bacharéis gastam os fundilhos durante quatro anos nos bancos universitários. Um padre gasta oito anos nas duas faculdades, de Filosofia e Teologia. No entanto, afirmava dom Antonio Zattara, bispo de Caxias do Sul, um jovem passa um fim de semana fazendo um cursinho de casamento. “E é mais difícil ser um bom pai do que ser um bom padre”. E estamos falando apenas do pai. E ser esposo, não é mais espinhoso?
Os jovens, ao casarem, imaginam passar um pouquinho melhor dentro do seu novo lar do que na casa dos seus pais. E se isto não acontecer, por várias razões, aí começam as primeiras frustrações. Frustrações que se espicharão até o fim da vida, ou até o fim do casamento. Se o patamar econômico não for aquele sonhado, nascem as desavenças, os rancores, as discussões. Se o pai for agricultor, e a safra que é o termômetro para o ano inteiro, frustrar? Se a empresa quebrar? Se a profissão escolhida não trouxer os dividendos acalentados? E mesmo quando sua atividade profissional exigir doação quase total, embora a conta bancária aumente, a família reclamar da sua ausência no lar... Acusando-o de viver só para os negócios?...
Isto tudo dentro de um contexto razoável, aceitável. E se uma doença daninha se aninhar em algum dos membros? E agora vamos para o pior: se surgir um acidente, e a morte aparecer dentro de casa? E se, por que tudo isto é inevitável, ao invés do pai ser um cidadão respeitado na sua vida social, ele tem de puxar a carrocinha de papelão... Porque ninguém escolheu o local do nascimento, nem a família, nem o sexo, nem o DNA, nem o próprio nome! Deus, que sabia de que barro fabricara o homem, prendeu-o a uma família, com pai, mãe e filhos, e determinou que esta corrente fosse inquebrável. Para não deixar o homem desassistido, Deus colocou à disposição o matrimônio, elevando esta instituição ao patamar de Sacramento. Ao se encarnar, fê-lo por meio de uma Família, a divina família de Nazaré. Os alunos do Mestre Cristo, ao lhe suplicaram o ensino da reza, ELE começou: PAI! Penso ser difícil um casamento se manter fora do abrigo da religião. No dia ao pai dedicado, agradeça a Deus, o pai que Ele lhe destinou. Se o acha imperfeito, seja você melhor.
Aos que perderam seu pai, lembro neste dia, a morte de Mahmoud Younes, pai extremoso, marido exemplar, exímio cumpridor dos seus deveres cívicos. Alá determinou que seus dias chegaram ao fim. Quem cuidará das plantinhas no fundo do terreno? Dona Cadidja, não chore. Ele está no paraíso saboreando os frutos que iria colher e contemplando as flores que agora não mais murcharão. Seus filhos sentem orgulho do pai que tiveram.
 

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