Papo de Bola
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sexta, 20 de junho de 2025

Queria entender, de verdade, o motivo de a Federação Gaúcha de Futebol programar a Divisão de Acesso para essa época do ano. Em se tratando de futebol e principalmente de campeonato de curto prazo, não tem sentido algum jogar aqui no Rio Grande do Sul durante boa parte do inverno, sabendo que sobraria calendário para evitar tranquilamente essa situação.

E o pior eu ainda não contei. A entidade sondou os presidentes dos clubes participantes e, pasme você, a maioria deles votou para iniciar a competição entre o final de agosto e início de setembro, sendo aceita a ideia. E pasme você ainda mais, alguns dias depois, “do nada” foi divulgado que o início da competição seria em maio. Se alguém entender, me explique.


A Divisão de Acesso é historicamente uma competição deficitária de público e de retorno financeiro. E quem está citando aqui, com toda humildade, é alguém que trabalhou durante 10 anos nisso. E você pode consultar mais colegas de imprensa, os quais em sua maioria deverão concordar, visto que a própria imprensa já notou que não vale a pena se deslocar em todos os jogos fora de FW devido aos custos. E precisamos destacar, também, o empresariado local, que de forma geral ajuda como pode, visto que nem mesmo patrocinadores a FGF consegue devido à falta de atratividade. E no final, quando o setor financeiro de cada clube passa a régua, o “prego” está lá, em destaque.

Só um exemplo: na noite em que o União Frederiquense enfrentou o Veranópolis, com frio e muita chuva, pouquíssimos torcedores se encorajaram de ir ao jogo. Isso que a torcida do União é uma das que mais apoia. Imagine jogos com essa característica em lugares onde nem mesmo com tempo bom a torcida comparece. E nem cheguei a citar o quanto os gramados estão apanhando. Se bobear teria que dedicar uma coluna apenas sobre eles e seus sofrimentos, tadinhos.

Ainda sobre a parte financeira, as rendas de bilheterias pouco ajudam. Por sinal, teríamos que agradecer por esse pouco, mas o fato é que poderia ser melhor. Ou menos ruim, no caso, se houvesse bom senso por parte da FGF em usar um período mais ameno do ano para a competição. Como jogar nas tardes ou nas deliciosas noites de primavera, por exemplo.

Enfim, é o que temos para o momento. Resta acreditar que nas próximas vezes haja um mínimo de inteligência por parte de quem está com a caneta na mão para fazer o óbvio. Caso contrário, eu não descartaria jogos iniciando às três da madrugada. Seria a cereja do bolo no meio de uma aberração que poderia ser evitada de forma tranquila.

 

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