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Artigo de opinião
Por uma universidade plural e não elitista
**Os textos aqui publicados são de total responsabilidade de seus autores, e não refletem a opinião do jornal O Alto Uruguai
Por: Este artigo é assinado e de responsabilidade de: Ascísio Pereira (*) e Márcia Morschbacher (**)
Publicado em: quinta, 17 de agosto de 2023 às 15:41h
Atualizado em: quinta, 17 de agosto de 2023 às 15:47h

A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) toma rumos em que parece querer se transformar em uma universidade elitista. O corte inicial foi em relação aos/às estudantes. Agora é em relação aos/às docentes.
A primeira ação foi a volta do vestibular, com gradativa e significativa diminuição do percentual de estudantes que entram pelo Sisu, que democratiza o acesso. Parece ser mais fácil mexer na entrada: com menos filhos/as de trabalhadores/as na Universidade, não precisa assistência estudantil, nem revisão de currículos, cursos e horários.
A nova investida é criar um grupo de elite entre os/as docentes, por meio de duas ações: uma minuta de resolução que regulamenta os encargos docentes e outra que altera os critérios para promoções e progressões. Na minuta de encargos docentes não se ataca o principal problema: a sobrecarga de trabalho. Não se limitam horas de sala de aula, pesquisa, extensão etc. Com isso, seguiremos separando aqueles/as que dão aula dos/as que pesquisam, pois com sobrecarga no ensino não há espaço para outras atividades, impedindo que alguns/as docentes atinjam pontuações para lecionar também na pós-graduação.
Por outro lado, a minuta que trata dos critérios para promoções e progressões dos/as docentes altera as pontuações mínimas para a mudança de nível/classe e restringe as atividades que serão avaliadas. Assim, a gestão limita a quantidade de docentes que ascenderão à classe mais alta da carreira, o que implica em barrar servidores/as públicos de um direito, além de quebrar a isonomia com os/as demais docentes do magistério federal.
Quando a Universidade aumenta a régua de avaliação está estimulando a quantidade e não a qualidade, como uma linha de produção industrial. Somos pressionados/as a produzir, como se esta fosse a natureza do nosso trabalho e não a busca pela excelência e qualidade. Que Universidade estamos produzindo? Que estudantes estamos formando nesta lógica mercantilista?
Para termos um trabalho de excelência, atuando no tripé ensino-pesquisa-extensão na mesma qualidade, sem esquecer da gestão, é fundamental que o/a docente tenha condições adequadas de trabalho. Ou seja, tenha tempo para pesquisar, planejar, lecionar, fazer projetos etc. Mas junto com as minutas, a Reitoria quer também “enxugar a máquina” com uma reforma departamental e de coordenações de curso, que precarizará ainda mais o trabalho.
A UFSM toma rumos na contramão do atual governo. É como se ainda estivéssemos sob um regime ultradireitista, que desvaloriza o/a servidor/a público e a educação, que quer apenas que a elite usufrua da Universidade.

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Este artigo é assinado e de responsabiliade de: Ascísio Pereira (*) e Márcia Morschbacher (**)

(*) Presidente da Seção Sindical dos Docentes da UFSM-SEDUFSM
(**) Vice-presidenta da Seção Sindical dos Docentes da UFSM- SEDUFSM.

 

Fonte: Jornal O Alto Uruguai
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