Um passo importante para o desenvolvimento do setor cervejeiro na região e no Estado foi dado na última semana. Em reunião com o secretário de Turismo do RS, Vilson Covatti, o cervejeiro e presidente da Associação das Cervejarias do Médio Alto Uruguai, Rafael Ferigollo, e o cervejeiro e vereador de Seberi, Leonardo Milani, apresentaram um protocolo para que as microcervejarias sejam adicionadas ao Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos do Ministério do Turismo (Cadastur), tendo aval positivo do governo estadual.
De acordo com os cervejeiros, o momento foi histórico e de grande valia para os empreendedores da cerveja artesanal. Até então, as empresas não podiam ser cadastradas como microcervejarias, muitas tendo de ser realocadas em outras atividades, como bares, acampamentos turísticos, restaurantes, entre outros. Com isso, alguns recursos para investimentos ou participação em projetos de fundo de incentivo eram restritos, assim como a dificuldade na aprovação de crédito em instituições financeiras.
A concretização da aprovação é resultado de um trabalho de cerca de três anos, onde o vereador Milani, junto dos representantes da associação, buscava no governo estadual. E tem gerado repercussões positivas de outras associações e cervejeiros de todo o Estado. “Nós aqui na ponta do Estado, enxergamos essa dificuldade e fomos lá, por um mercado inteiro”, destaca Ferigollo.
Crescimento do setor
Milani destaca que o setor tem crescido de forma gradativa, na região e também no Estado, em parceria com o setor turístico. O cervejeiro evidencia os cases da Serra gaúcha e da Quarta Colônia, onde a atividade turística representa uma boa parte do crescimento econômico das regiões, e que com o trabalho que está sendo realizado pelas cervejarias da região do Médio Alto Uruguai, e com o incentivo do poder público na divulgação destes espaços e o apoio da comunidade regional, a região tem um futuro próspero no setor turístico e cervejeiro.
Além disso, os cervejeiros destacam que o crescimento regional contribui também para a descentralização dos grandes pontos turísticos do Estado, trazendo para a região noroeste um fluxo diferente de consumidores. Assim como, na geração de novos empregos e no giro do comércio local. “Com o setor da cervejaria forte, o da gastronomia fica também, do comércio, no modo geral, e nós temos condições”, destaca Milani.
Desafios desde o incentivo até a alta tributação
Um dos problemas enfrentados pela indústria cervejeira de porte pequeno e médio que está começando é a falta de um incentivo que contribua para o seu crescimento. Atualmente, o incentivo dado às indústrias é por meio do incentivo fiscal, ou seja, as empresas devem produzir, vender, pagar impostos e após receber um retorno, o que prejudica aquelas microcervejarias que estão dando seus primeiros passos no mercado. Os cervejeiros destacam que é necessário um incentivo melhor formulado que contribua desde o início da atividade.
Outro problema enfrentado pelas microcervejarias é a alta taxa tributária na comercialização de produtos para CNPJ, ou seja, para mercados, restaurantes, entre outros estabelecimentos. Hoje a taxação é de 43%, o que inviabiliza a negociação por parte dos produtores que acabam aderindo apenas a venda para pessoas físicas, direta ao consumidor. O que preocupa também o setor é a aprovação da nova reforma tributária, com a taxação sobre produtos considerados pelos autores do texto, prejudiciais à saúde, conhecida como o “imposto do pecado”, onde a taxação pode ficar ainda maior. “A tendência é as cervejarias fechando. Porque não vai ter um incentivo pelo turismo, tem uma carga tributária alta, e um fixo (custo de produção) alto”, destaca Milani.
Uma das opções vistas para amenizar o impacto destes problemas, é buscar junto à Assembleia Legislativa a aprovação do projeto de diminuição da substituição tributária. De acordo com Milani, se o valor fosse diminuído pela metade, já contribuiria para uma melhor margem de lucro das microcervejarias, possibilitando mais investimentos.
Outro ponto apresentado pelos cervejeiros é o apoio do poder público na divulgação das microcervejarias, no desenvolvimento de projetos de turismo que contribuam para o desenvolvimento do setor na região, e, também, contribuir na conscientização da comunidade para a importância da indústria e no apoio ao turismo local. Milani destaca ainda o apoio dos deputados Silvana Covatti, o deputado federal Covatti Filho e o secretário de Turismo, Vilson Covatti, pela disponibilidade e trabalho desenvolvido em prol do setor.
Logística
Outro ponto importante para o desenvolvimento do setor, que se assemelha a todos os outros setores, como o do agronegócio, do turismo, na região, é a melhora logística. Um exemplo é a pavimentação asfáltica entre o distrito Castelinho, em FW, e Ametista do Sul, onde o transporte dos turistas e, também, o transporte dos produtos para outros municípios, serão melhorados.
Associação das Cervejarias do Médio Alto Uruguai
Com o crescimento do setor na região e com a necessidade da união para alcançar maiores objetivos, foi criada neste ano a Associação das Cervejarias do Médio Alto Uruguai. A associação representa oito microcervejarias de Ametista do Sul, Caiçara, Seberi, Frederico Westphalen e Vicente Dutra, e tem como seu primeiro presidente o cervejeiro Rafael Ferigollo, de Frederico Westphalen. O planejamento que resultou na criação da associação vem desde o ano passado, onde os representantes promoveram a primeira edição do Bier Fest em FW.
