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Revista SET
Educação parental: "ela mudou a minha vida e eu posso mudar a sua através dela!"
Jaqueline Marafon, que atua no Maria Bonita, em FW, explica como a técnica, aliada à meditação, pode auxiliar no comportamento e entendimento das necessidades das crianças e jovens
Por: Márcia Sarmento
Publicado em: terça, 23 de maio de 2023 às 10:34h
Atualizado em: terça, 23 de maio de 2023 às 11:15h

A estruturação da sociedade atual trouxe menos tempo de convívio familiar e também mudou a forma como educar os filhos. Cada vez mais, os pais buscam auxílio de profissionais para que esta jornada seja amorosa, enriquecedora e assertiva. A educação parental vem para auxiliar e orientar neste processo, não só contribuindo com os pais, mas também com os professores. Nesta primeira edição da Revista SET, Jaqueline Marafon Pinheiro explica mais sobre o tema. A profissional cursa Psicologia, é enfermeira, especialista em Saúde Mental Coletiva, mestre em Educação pela URI, doutora em Educação pela Unisinos. Também é professora de Meditação pelo Instituto Integral de Meditação e Educadora Parental pela Positive Discipline Association – PDA, da qual é membro internacional. Iniciou seus estudos em educação parental e meditação no início de 2020. Ainda, é professora nos cursos da saúde no ensino superior e de meditação na educação básica. Atua orientando famílias desde 2022. Em 2023, iniciou os atendimentos na Clínica Maria Bonita - Saúde e Bem-Estar, em Frederico Westphalen. Confira:

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SET – O que é educação parental?
Jaqueline Marafon – A educação parental também é conhecida como “orientação parental” e, de uma forma bem simplista, significaria “educação ou orientação para pais”. No entanto, ela não é tão simples assim. Não é novidade que tem sido cada vez mais difícil educar as crianças e, para entender essa dificuldade, é necessário nos darmos conta das inúmeras mudanças que as famílias e a própria infância vêm sofrendo. Na geração dos meus avós, por exemplo, os casais tinham oito, 10, 15 filhos, em uma dinâmica familiar onde, naturalmente, os filhos mais velhos cuidavam dos mais novos, e todos trabalhavam, auxiliavam a família nas atividades de casa e trabalho na lavoura. Já na geração dos meus pais, o número de filhos começa a diminuir, permanecendo uma média de dois ou três; a mãe passa a trabalhar fora e conta com a figura das avós para auxiliar na criação dos filhos. Atualmente, o número de filhos diminui ainda mais, geralmente, as famílias não podem contar com a presença constante dos avós, sendo que as crianças acabam permanecendo mais tempo nas escolas e/ou com cuidadores (e aqui cabe ressaltar que não se está culpabilizando a escola ou cuidadoras, apenas se apresenta as mudanças que ocorrem com o passar do tempo). Com isso, educar os filhos acaba por se tornar mais difícil, justamente porque o tempo que as famílias passam juntos tem sido cada vez mais escasso. Além disso, em função da vida corrida e desgastante dos pais, as crianças acabam ficando expostas às telas, que nem sempre produzem conteúdo adequado. Assim, surge a educação parental, baseada nas abordagens da Disciplina Positiva e da Comunicação Não Violenta, por exemplo, para auxiliar as famílias a encontrarem, dentro da sua dinâmica familiar, a forma que melhor se adapte para educar seus filhos de forma gentil e firme, não caindo na armadilha da permissividade, como compensação pelo tempo que não permanece tão presente como gostaria na vida dos filhos, nem do autoritarismo, como consequência do estresse rotineiro. Ainda, a educação parental pode ser trabalhada dentro das escolas, pois muitos profissionais da educação também não estão preparados para receber essas crianças. Então, é possível capacitar esses professores para atuarem com mais efetividade com esse público. 

SET – Como funciona a educação parental?
Jaqueline –
A educação parental pode se dar de diferentes modos. O mais comum é a partir de uma dificuldade com a criança (normalmente um “mau-comportamento”), que chama a atenção dos pais. Eles tentam de todas as formas por eles conhecidas, não sabem como resolver; então, procuram o auxílio do educador parental. O profissional ouve atentamente a situação, entende a dinâmica da família, provoca a reflexão e, junto com a família, pensa estratégias que auxiliem naquela situação. Outro modo é com aqueles pais (que os filhos já nasceram, ou estão à espera de um, ou desejam ter filhos) e procuram o profissional da educação parental com o intuito de se preparar para a maternidade/paternidade, isso porque educar filhos não é instintivo como se pensava até pouco tempo atrás. Então, o educador parental oferece um leque de possibilidades de preparação para serem os melhores pais e mães que seus filhos podem ter. Já nas escolas, a educação parental se dá através de palestras ou workshops. As palestras, geralmente, são de conteúdos mais fechados, onde o educador parental leva algumas informações que são necessárias para aquele local. Os workshops, por sua vez, são encontros mais práticos, em que o educador parental também leva algo preparado, mas que se desenrola de acordo com as vivências, angústias, necessidades daqueles profissionais, ou seja, o educador parental auxilia a pensar soluções para os problemas reais daquela escola. Além desses modos, também há educação parental para noivos que estão se preparando para o casamento, casais que não desejam ter filhos, pais de adolescentes, pais de jovens, filhos que desejam se preparar para a velhice de seus pais. Entretanto, a área na qual eu me especializei é em famílias e escolas com crianças até seis anos. É importante ressaltar que a educação parental acontece de forma singular, de acordo com a dinâmica daquela família/escola, ou seja, “o método se adequa à família, e não o inverso”.



SET – A educação parental contribui para o desenvolvimento socioemocional de crianças e adolescentes?
Jaqueline –
Na verdade, a Educação Parental auxilia os adultos a pensarem nos seus sentimentos, pensamentos, comportamentos e, principalmente, reação ao comportamento das crianças. A partir daí, conseguem ajudar as crianças a reconhecerem suas emoções, especialmente, através do exemplo, pois como diz uma das professoras que tive nas minhas formações, “adultos equilibrados criam crianças equilibradas”.

SET – De que forma a educação parental auxilia na resolução pacífica de conflitos?
Jaqueline –
Uma das premissas da Disciplina Positiva, uma das abordagens em que a educação parental se baseia, é educar com firmeza e gentileza, o que quer dizer que os adultos vão impor limites, ao mesmo tempo em que serão gentis, promovendo autonomia e autoconfiança da criança. Assim, confiando nos pequenos, se promove a resolução dos conflitos mostrando o que é e o que não é permitido, respeitando-os como seres humanos que têm sentimentos, vontades e capacidade de resolver problemas, claro que respeitando as particularidades de cada fase do desenvolvimento.

SET – Quem é o profissional que trabalha com educação parental?
Jaqueline –
O educador parental, que necessita ter uma formação em educação parental, que seja reconhecida e que dê subsídios, teóricos e práticos, para atuar com famílias e escolas.

SET – E de que forma a meditação pode auxiliar nesse processo?
Jaqueline –
A meditação é uma forte aliada da educação parental! Ela pode ser utilizada tanto pelos adultos, quanto pelas crianças, pois promove a atenção plena, o foco no presente, o equilíbrio emocional, a conexão consigo mesmo, a empatia, diminui a ansiedade e outras emoções negativas, dentre outros benefícios. Com tudo isso, é natural que os comportamentos e relacionamentos melhorem.

Atendimentos
Clínica Maria Bonita – Saúde e Bem-Estar
Endereço: Rua Presidente Kennedy, 1201, sala 601, Edifício Paulina
Telefone e WhatsApp: (55) 9.9949.7375
E-mail: [email protected]
Instagram: @drajaque_educacaoparental

Confira a versão digital da primeira edição da Revista SET, clicando aqui. 

Fonte: Jornal O Alto Uruguai
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