Publicidade
Agroecologia
MPA e Cooperbio comemoram 10 anos com Festa da Semente em Seberi
Espaço localizado na linha Tesoura abriu as portas neste sábado, 11, para mostrar porque se tornou referência nacional em agroecologia
Por: Wagner Stan
Publicado em: sábado, 11 de março de 2023 às 11:49h
Atualizado em: sábado, 11 de março de 2023 às 11:55h

Celebrar as sementes crioulas é uma tradição milenar dos agricultores camponeses. Para estes, a semente não pode ser reduzida ao valor monetário e convertida em moeda, ela precisa antes de tudo exercer o seu papel social de perpetuar a vida, fundamentar a soberania alimentar e firmar a autonomia dos homens e mulheres que dedicam-se a exercer o sagrado ofício de produzir alimentos para todos os demais. 
Este é o mote da grande celebração que aconteceu neste sábado, 11, no Centro Territorial de Cooperação, Educação Ambiental e Agroecologia da Cooperativa Mista de Produção, Industrialização e Comercialização de Biocombustíveis do Brasil LTDA (Cooperbio), em Seberi, que abriu suas portas para receber visitantes da comunidade local e regional, bem como delegações de outras regiões, Estados e até de países vizinhos na 6ª edição da Festa da Semente Crioula. 
O evento que acontece durante todo o dia, reuniu centenas de visitantes, entre eles autoridades como o prefeito de Seberi, Adilson Balestrin, o prefeito de Cristal do Sul, Otelmo Reis, o deputado federal Marcon, entre outros. 
Para complementar os motivos de celebração, a Cooperbio celebra justamente neste período, os 10 anos de implantação do seu centro de formação. Os participantes, além de celebrar as tradições camponesas, compartilhar a mesa repleta de alimentos produzidos sem veneno e sem insumos químicos, trocar informações, mudas e sementes, desfrutar de apresentações de cultura popular, ainda tiveram acesso a uma feira de agroecologia e de economia solidária instalada no mesmo espaço.

Festa da Semente
A 6ª edição da Festa da Semente Crioula aconteceu neste sábado, 11, a partir das 9 horas e se estendeu até o fim da tarde. O evento contou com feira e troca de sementes e mudas, palestras e rodas de conversa, celebração ecumênica, apresentações musicais e culturais, bem como atividades de formação, informação e integração. O programa contemplou ainda a feira agroecológica com expositores de toda região e o tradicional almoço com cardápio típico camponês elaborado a partir de alimentos agroecológicos, produzidos sem veneno e sem aplicação de insumos químicos. 
Uma novidade desta edição é a inserção de uma feira de economia solidária no programa, irmanando ainda mais a Festa da Semente na perspectiva do Fórum Social Mundial, que afirma que um outro mundo é possível e uma nova economia é necessária.

Publicidade

Mais informações sobre o evento você confere em nossas próximas edições. 

Conheça a Cooperbio
Os cooperados são camponeses e camponesas instalados em mais de 60 municípios da região. Fundada em 2005, tem sua sede instalada na localidade de linha Tesoura desde 2012 e já apresenta um portfólio de inúmeras ações de sucesso, em espacial no campo da agroecologia.
Conforme explica o engenheiro agrônomo Marcos Joni Oliveira, atualmente na presidência da Cooperbio, a estrutura agrária da região é formada predominantemente por pequenos e médios agricultores (45 mil propriedades entre 5 e 50 hectares). No entanto apenas 4,93% dos proprietários concentram 43,87% da terra. “Esse quadro conforma uma região com alta vulnerabilidade socioambiental, mas com elevados potencias para protagonizar projetos e definir agendas regionais integradas nos âmbitos ambientais e socioeconômico”, destaca Oliveira. 
–A presença da Cooperbio em Seberi, enquanto iniciativa de cooperação que envolve famílias integrantes da base do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), coloca o município e a região no protagonismo da construção de um modelo sustentável de agricultura, resgatando as experiências coletivas do campesinato, preservando a cultura e a sabedoria popular acumuladas ao longo de séculos de desenvolvimento. Ao mesmo tempo em que estabelece linhas de pesquisa contemporâneas e viabiliza a proximidade com os principais pensadores e pesquisadores da agroecologia em nosso tempo, com vistas a produzir alimento de qualidade para homens e mulheres do campo e da cidade, forjando uma aliança camponesa e operária por soberania alimentar–, arremata o presidente Marcos Joni Oliveira.

Educação, Sustentabilidade, Produção
Acerca do primeiro eixo, Educação para Sustentabilidade, a bióloga Débora Varoli aponta a compreensão da “educação como todo ato e processo de ensino-aprendizagem de base formal ou informal, científica, técnica e/ou popular que elevam as capacidades, valores e recursos dos sujeitos engajados nos processos de transformação da sociedade e natureza”. As ações de educação propostas a partir da Cooperbio e do MPA envolvem, em média, anualmente, mais de cinco mil pessoas por meio de cursos prolongados de capacitação, oficinas, dias de campo, intercâmbios, palestras, assessoria às unidades de produção e agroindústrias.
O eixo que trata da Produção Agroecológica e Alimentação Saudável é apresentado pela acadêmica de Tecnologia em Agropecuária, Viviane Chiarello. “Neste âmbito a cooperativa construiu e mantém o Centro Territorial de Cooperação em Seberi, onde abriga centro de capacitação, alojamento, refeitório, salas de aula e ampla biblioteca; bem como unidades agroindústrias, áreas demonstrativas de produção em sistemas agroflorestais, hortaliças, produção animal orgânica e indústria de bioinsumos”, complementa.
No que diz respeito aos Bioinsumos para transição agroecológica, a engenheira agrônoma e mestre em Fitotecnia Bernadete Reis explica que a cooperativa compreende a transição agroecológica como um processo social, econômico e tecnológico que necessita do apoio estruturante do estado através de políticas sociais e o engajamento comunitário.
– No âmbito tecnológico a metodologia desenvolvida pela Cooperbio incide em práticas como o aumento da biodiversidade nos sistemas de produção, a  remineralização dos solos através de compostos de rochas, a ativação da vida do solo por meio dos adubos verdes em sinergia com o aumento de minerais no solo, o uso de biofermentados, biofertilizantes e controladores biológicos, o uso da homeopatia e técnicas da agricultura biodinâmica, e por fim, o desenvolvimentos de sistemas de produção de base ecológica como Pastoreio Racional Voisin, rotação de cultivos, consórcios até os sistemas agroflorestais como forma mais sustentável de produção – explica.

Fonte: Jornal O Alto Uruguai, com informações da Cooperbio.
Vitrine do AU