Finalizando as atividades em Minas Gerais, a equipe de representantes do Sindicato dos Trabalhadores Rural (STR) da região participaram de reuniões em Extrema, município mineiro que se localiza a 100km de São Paulo. Na oportunidade, os gaúchos puderam conversar com a secretaria de Desenvolvimento do município, Mônica Vieira, sobre a forma de atuação do poder Público, trazendo um histórico dos investimentos que foram realizados na cidade que hoje é o segundo maior PIB per Capita do Estado de Minas Gerais. Entre as pautas apresentadas pela representante a forma de buscar e instalar empresas e investidores na cidade foi de destaque. Entre os destaques de Extrema, estão, de acordo com Mônica, o poder logístico do município, ou seja, sua proximidade com SP, a sequência de gestão, onde o prefeito da cidade, que está no seu segundo mandato, trabalha no poder pública há 30 anos, conhecendo os projetos e dando sequência. Todos os secretários de pastas no município contam com técnico na área e, ainda, não contam com filiação partidária. De acordo com a secretária, o município tem três pilares fortes, que são Educação, Saúde e Segurança.
Projeto Conservador das Águas de Extrema é destaque nacional
A equipe pode conhecer de perto o projeto Conservador das Águas de Extrema ao conversar com o idealizador do projeto, Paulo Henrique Pereira. O projeto tem como objetivo gerar preservação do meio ambiente por meio de incentivo financeiro aos produtores. Em 2005, a iniciativa se tornou uma lei municipal. Com isso, o município paga as propriedades por serviços ambientais, gerando cuidado com o efluente doméstico. Mesmo com pouca adesão no início, por medo dos produtores com a novidade, o apoio financeiro as propriedades que promoveram as melhorias em suas permitiram a maior adesão do projeto no município. No início das atividades de incentivo do Conservador das Águas, eram pagos 324 reais por mês para o produtor, hoje esse valor segue reajustes anuais.
O projeto tem três pontos a serem seguidos, o florestal, onde há áreas de preservação permanente de espaços hídricos e montanhas, o de boas práticas agrícolas, e, a de saneamento com o cuidado com a seleta coletiva e com efluentes. Hoje o município tem 33% de sua área preservada e o projeto conta com mais de 300 contratos.
Cuidado com o clima
Em 2010, o município começou a investir no incentivo ao cuidado do clima, com a iniciativa de sequestro de carbono. Essa ação é natural e realizada por plantas e árvores, onde esse carbono, que advém de empresas ao produzir materiais é transformado em oxigênio. Com o intuito de preservar o meio ambiente e gerar desenvolvimento por meio deste sequestro de carbono, foi realizada uma relação entre tonelada de carbono produzida por empresa e a capacidade de uma árvore absorver, resultando em um montante de 160kg por árvore, 320 toneladas por hectare. A partir daí, o projeto procuro empresas para compensarem suas emissões no município. Em 2013, foi realizado um contrato com o Itaú, que utilizou 20 hectares para o sequestro de carbono. Essa iniciativa proporciona a ampliação do reflorestamento e reabastecimento destes espaços. De acordo com o idealizador, essa ação é uma tendência global e são cobrados em torno de mil reais por hectare, 20 a 25 dólares por tonelada. Neste modelo de produção, as negociações são mundiais, ou seja, uma empresa de São Paulo pode compensar suas emissões em uma cidade do Rio Grande do Sul, gerando preservação e desenvolvimento sustentável.
Investimentos na transformação de resíduos
Na visita também, os participantes da viagem técnica conversaram também com o secretário do Meio Ambiente de Extrema, Kelvin Lucas Toledo Silva. Na fala de Silva, foi destacado a importância e os investimentos que a administração tem feito para preservar a natureza do município e gerar desenvolvimento ao mesmo tempo. Hoje o município, devido à grande presença industrial, e, a ineficácia do aterro sanitário após o grande crescimento da cidade, está investindo na tecnologia de uma usina de gaseificação de resíduos. Novidade no país, o investimento chega próxima a 70 milhões de reais, e será desenvolvido em uma parceria público-privada. A ideia da usina é a criação de Combustível Derivado de Resíduo (CDR) onde por meio de um maquinário
que tem a capacidade de triturar grandes quantidades de resíduos, é possível reaproveitar o que não é orgânico e nem reciclável. Na prática, este resíduo vira combustível.
Representante da Emater Minas Gerais conversa com a equipe
Ainda em Extrema, os produtores gaúchos puderam conversar com o representante da Emater Minas Gerais, Hélio João Farias, sobre a atuação da instituição no município e sobre o perfil do produtor rural de Extrema. Farias destacou a presença de pequenas propriedades com uma grande variedade de produção, sendo produzidas, hortaliças, cerais, feijão, pecuária, entre outros. Ainda, o representante contou da atuação da Emater junto a administração, na realização de feiras de produtores e o investimento em qualificações para as propriedades.
Culinária e emoção
O último almoço da equipe em Minas Gerais ficou marcado pela história e pelo sabor do restaurante Armazém Bertolotti. Na ocasião, os participantes da viagem técnica junto a equipe do Sicredi Conexão puderam provar da culinária do espaço e ouvir um pouco da história do local. De acordo com um dos proprietários do espaço, Jair Bertolotti, tudo começou como uma venda de produtos há cerca de 130 anos, um armazém localizado entre vilarejos, liderado pelo bisavô de Jair, que devido a “beber demais”, como destaca Bertolotti, acabou perdendo as terras e o armazém foi o único bem que sobrou. Ali quem assumiu foi a bisavô da família que conseguiu reerguer o negócio. Anos depois, na quinta geração da família, tragédias fizeram com que a história do espaço mudasse. Aos 91 anos, a avó da família morreu e, após seis meses, um acidente de carro vitimou a mãe da família. Foi um momento difícil onde o armazém passou por problemas financeiros, entre outros. “Pedíamos muito a ajuda de Nossa Senhora e Santa Rita, que intercedesse pela nossa felicidade. Foi quando nos convidaram para participar de um Festival de Comida de "Buteco" do Sul de Minas, que iria acontecer na cidade de Extrema. A Venda cresceu, tivemos que ampliar”, destaca Betolotti. Com o destaque no festival a empresa ganhou espaço e conhecimento. Embora a comida típica mineira seja o que deu fama ao espaço, o pudim agora é o carro chefe para os clientes. Jair e seu irmão, Edu Bertolotti, que servem o pudim com receita de sua mãe, participaram de uma competição de pudins na Europa, sendo considerado um dos 20 melhores Pudins do Mundo, eleito pelos chef´s franceses. A história tem a emoção de que a mãe da família desejava viajar para a Europa, e após sua morte, os irmãos levaram sua receita para o mundo. Hoje o pudim da família está sendo comercializado na Europa e também iniciando nos Estados Unidos.