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Responsabilidade social
Projetos desenvolvidos pela Cooperbio resultam em doação de alimentos agroecológicos
Ao longo de 2022 a cooperativa camponesa sediada em Seberi intensificou ações de partilha de alimentos com organizações sociais e famílias carentes
Por: Marcos Corbari
Publicado em: segunda, 07 de novembro de 2022 às 17:38h
Atualizado em: segunda, 07 de novembro de 2022 às 17:52h

Não há o que se discutir a respeito da origem de mais de 70% dos alimentos que de fato chegam à mesa da população brasileira: a agricultura camponesa e familiar. Dessa mesma origem advém mais de 95% dos alimentos orgânicos e agroecológicos, produzidos sem a utilização de insumos químicos nem aplicação de venenos. A partir da Linha Tesoura, comunidade rural localizada em Seberi, no Norte do RS, a cooperativa camponesa Cooperbio - Cooperativa Mista de Produção, Industrialização e Comercialização de Biocombustíveis do Brasil LTDA. - desenvolve um amplo portfólio de projetos voltados a esse segmento.

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Foto: Ações de solidariedade militante executada em parceria com o MPA, MTD, MST e STR na periferia de Palmeira das Missões

Arquivo: Cooperbio 2 – Solidariedade Palmeira das Missões

- Historicamente o pequeno agricultor, o camponês, a camponesa dedicam seu trabalho para produzir alimentos que são consumidos pelo público urbano. O trabalho do campesinato estabelece um elo, uma aliança que se dá através da mesa, quando o agricultor estende a sua mesa até o trabalhador e a trabalhadora urbanos -, destaca Marcos Joni de Oliveira, presidente da Cooperbio.

A cooperativa centra suas ações a partir de um tripé conceitual chamado ALIMERGIA: Alimento, Meio Ambiente e Energia. Mas nem só de ações voltadas ao desenvolvimento da produção dos cooperados são pautadas as atividades. Desde que as crises de cunho político, econômico e ambiental induziram a queda da qualidade de vida da população mais humilde no Brasil e o retorno do país ao mapa da fome (atualmente 33 milhões de brasileiros encontram-se em situação de fome e mais de 45 milhões não tem condições adequadas de se alimentar) a cooperativa tem intensificado atividades de partilha de produção com famílias carentes e organizações de matriz social.

- Ao longo de 2022 já fizemos mais de 20 ações de doação de alimentos junto a hospitais, escolas, organizações de amparo à crianças e idosos e até mesmo pontualmente a famílias em estado de vulnerabilidade social extrema -, aponta Viviane Chiarello, dirigente do MPA na região. Conforme os relatórios da cooperativa, já foram mais de 2 toneladas de alimentos compartilhados de forma direta ou indireta com a comunidade e com instituições. Os itens que integram essas doações vãos desde hortifrutigranjeiros e frutas produzidos na área da cooperativa e por famílias cooperadas, até cereais como o arroz e feijão orgânico produzido por cooperativas parceiras, bem como produtos de origem animal como os ovos orgânicos produzidos em Ametista do Sul por projeto coordenado a partir de famílias integrantes da base da Cooperbio.

História da Cooperbio
Localizada na região noroeste do Rio Grande do Sul, na zona rural do município de Seberi, a Cooperbio é um empreendimento formado por cerca de duas mil famílias camponesas da base do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). Os cooperados são camponeses e camponesas instalados em mais de 60 municípios da região. Fundada em 2005, tem sua sede instalada na localidade de Linha Tesoura desde 2012 e já apresenta um portfólio de inúmeras ações de sucesso, em especial no campo da agroecologia, produção de bioinsumos e demais tecnologias de produção sustentável. 

Foto: Atividade de formação com o professor Sebastião Pinheiro serviu para compartilhar saberes sobre a produção de bioinsumos pelos próprios camponeses e camponesas / Crédito: Alex Garcia

Arquivo: Cooperbio 2 – Curso Tião

Entre os destaques estão a implantação de 390 agroflorestas, perfazendo mais de 200 mil mudas de árvores plantadas através de pequenas unidades produtivas de famílias camponesas, a pesquisa e desenvolvimento bioinsumos utilizados nos cultivos de alimentos orgânicos, a pesquisa e o desenvolvimento de biofertilizantes, remineralizador de solo (pó de rochas), com o suporte feito pela Embrapa Clima Temperado e que vem largamente sendo utilizados, tanto pelos pequenos agricultores, quanto por grandes produtores.

Outro destaque a partir da sede da cooperativa é a manutenção de um centro territorial de cooperação e formação. São mais de 1.400 M² construídos conta aspectos construtivos como: telhado verde, pedra grês, sistema de tratamento de esgoto ecológico com evapotranspiração, luminosidade, acessibilidade e dentre outras características da Bioconstrução, e que já oportunizou atividades de educação ambiental, agroecologia, produção de sementes, adubação verde, compostagem e biofertilizantes, remineralização do solo, cooperação e associativismo, saúde e plantas medicinais e áreas afins para mais de 6 mil pessoas ao longo destes pouco mais de 10 anos de implantação, através de cursos prolongados de capacitação, oficinas, dias de campo, intercâmbios, palestras, assessoria às unidades de produção e agroindústrias.

Projeto Alimergia Continuidade

O projeto Alimergia é uma das ações continuadas de maior sucesso desenvolvida pela Cooperbio. Em sua fase inicial, apoiada pela Petrobras Socioambiental, edital que a cooperativa conquistou após 3 tentativas, viabilizou ações irradiadas em toda região norte/noroeste e até mesmo em outros pontos do RS. Com a conclusão dessas ações a equipe técnica passou a prospectar novos parceiros para dar continuidade. 

Foto: Utalino Fernandes Junior, de Ametista do Sul, implantou a primeira agrofloresta em sua unidade produtiva em 2012, agora está implantando a segunda através do projeto Alimergia Continuidade. Crédito: Debora Varolli

Arquivo: Cooperbio 2 – Utalino Alimergia

Atualmente está em andamento o projeto “Alimergia Continuidade”, amparado com recursos do novo convenio, firmado com a Eletrobras, que está viabilizando a implantação de mais 20 hectares de agroflorestas junto à unidades produtivas camponesas. As primeiras famílias beneficiadas já estão completando o primeiro ano de atividades e já participaram ativamente das ações de solidariedade desenvolvidas pela Cooperbio ao longo de 2022.

Para a coordenadora do projeto, Bernadete Reis, as ações possibilitam aos agricultores participantes a possibilidade de recuperar áreas já degradas, pensando um sistema onde tenham interesse em trabalhar, tendo atenção desde a recuperação do solo até o todo do agrossistema. Eveline Muller, moradora da Linha Noro, em Seberi, ressalta aspectos positivos: “É algo que vemos que é certo, que funciona, que faz bem, produzimos alimento de qualidade e contribuímos para a preservação”. 

Fonte: Jornal O Alto Uruguai com informações de Marcos Corbari
Fotos
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