Publicidade
Muito além das notas musicais
Bandas marciais mantêm tradição revelando novos talentos na região
Apresentações de instrumentistas são intensificadas neste mês de setembro, mas preparação inicia muito tempo antes
Por: Cíntia Henker
Publicado em: terça, 06 de setembro de 2022 às 08:41h
Atualizado em: terça, 06 de setembro de 2022 às 08:51h

É com o alinhamento dos passos somados cadências dos sons dos instrumentos que o coração dos apaixonados pelas apresentações de bandas marciais bate mais forte. Apesar das performances durante todo o ano, é no mês de agosto que os ensaios são intensificados para celebrar a Independência do Brasil em setembro, ditando o ritmo que irá tomar conta das ruas da cidade nas celebrações da pátria. 
Flauta, trompete, trombone, saxofone, bumbo e tarol são alguns dos instrumentos que compõem as bandas marciais e que permanecem para sempre na memória de quem vivenciou tantas experiências e emoções com os famosos uniformes, inspirados em fardas militares. 
Na região, a tradição de crianças e adolescentes integrarem elencos de bandas é bastante forte, fazendo com que esse legado seja passado de geração em geração. Além dos integrantes, instrumentos e dos uniformes, quem faz tudo isso acontecer são os maestros, professores responsáveis pelo aprendizado dos alunos. 
Ensinar a postura correta e as notas que dão vida às músicas são tarefas desenvolvidas por Marcelo Moraes, que atua como maestro principal há 20 anos, mas antes disso já ajudava como auxiliar. Atualmente, o professor está à frente de oito bandas e alguns outros projetos musicais paralelos. Segundo ele, alguns anos atrás percebeu um declínio na procura por essa atividade, devido à revolução tecnológica e a inclusão de novas oficinas culturais e esportivas ofertadas pelas escolas e municípios, mas gradativamente o setor de bandas veio se recuperando. “Com a retomada das atividades, neste pós-pandemia, tem aumentado significativamente o número de novas matrículas de crianças e adolescentes em todas as cidades que atendo. Além disso, os alunos têm se mantido por mais tempo ‘dentro’ das bandas, chegam a participar por mais de 10 anos, e isso não é exceção, tem sido cada vez mais comum”, ressalta. 
Outro nome da música bastante conhecido em toda a região é Marcio Pereira, que também atua como maestro há 20 anos e, para ele, as bandas sempre atraíram um bom número de interessados. “No entanto, é notório em diversos municípios um grande aumento dos plantéis após o período pandêmico. A maioria das bandas iniciaram um processo seletivo de componentes, tendo também uma listagem de espera para ingresso de futuro de alunos”, explica. 

Publicidade

Importância para o desenvolvimento
As bandas marciais são o orgulho da maioria das cidades, principalmente, nas regiões mais afastadas dos grandes centros, já que carregam consigo o nome do município em cada viagem para apresentação.
No entanto, além de descobrir novos talentos da música, a prática é bastante importante para o desenvolvimento humano. “Com crianças que apresentam traços de hiperatividade ou ansiedade, o ato de aprender a tocar um instrumento pode ser muito benéfico. Toda a aprendizagem instrumental exige muito ensaio, como educador, tento transferir essa ansiedade demonstrada pelo educando musical em foco no ensaio instrumental, canalizando essa energia. Já na questão de hiperatividade e consequentemente a falta de concentração, tenho ouvido vários relatos de pais e professores sobre a mudança perceptível de comportamento de seus filhos e alunos após ingressarem no grupo da banda”, comenta Moraes.
Em relação a isso, Pereira reafirma que os instrumentistas também desenvolvem maior concentração em todas as atividades do cotidiano, já que o contato com a música oportuniza desinibição e enfrentamento de desafios por meio de práticas pré-profissionais, efetivadas pelas frequentes apresentações públicas nos diversos espaços culturais da cidade e região. 

Boas lembranças
Thays Londero, foi integrante da Banda Cardeal Roncalli, de FW, desde pequena e passou por vários instrumentos. “Eu amo a banda e continuo acompanhando as atividades. A banda foi uma forma de me conhecer melhor e é um incentivo muito forte, fazemos muitas amizades”, destaca.

Além das recordações presentes na memória de cada pessoa que vivenciou bons momentos no período de atuação em bandas marciais, a evolução musical dos instrumentistas também é motivo de alegria para os maestros. “É muito gratificante. O público vê somente no momento alto, que é a apresentação final, mas eu como maestro, que acompanho o dia a dia da evolução do grupo, presencio o que muitos alunos passam para conseguir fazer parte da banda. É muito recompensador”, destaca Moraes. 
Para Pereira não é diferente. Segundo ele, sempre foi e será uma alegria ver os alunos vencendo suas dificuldades e evoluindo a cada ensaio. “Quem participa da banda vivencia algo diferente, intenso e marcante. Estes, em geral, levam boas lembranças para toda a vida. Poder fazer parte da história de cada um ressalta sentimento de orgulho, gratidão e dever cumprido”, finaliza. 
 

Fonte: Jornal O Alto Uruguai
Vitrine do AU