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Panorama Político
A presença e os desafios da mulher no ambiente político
Por: Wagner Stan
Publicado em: quarta, 31 de agosto de 2022 às 10:22h
Atualizado em: quarta, 31 de agosto de 2022 às 10:32h

Sancionada há um ano, ainda é recente a legislação que estabelece normas para combater a violência política contra a mulher. E neste cenário de disputa eleitoral acalorado, a Lei 14.192/21 é fundamental para garantir um ambiente de respeito para lideranças femininas que buscam seu espaço em um ambiente tradicionalmente masculino. Olhares indiscretos, questionamentos sem fundamentos, julgamentos sobre suas ações são algumas das violências de gênero que perpetuam a carreira da mulher em todos os âmbitos, mas no cenário político esse problema é maximizado. 
Nas eleições deste ano, a presença de mulher concorrendo a cargos públicos teve um recorde, apresentando um acréscimo de 2,5% em comparação às eleições de 2018. A legislação eleitoral ainda prevê que 30% das vagas disponíveis a cargos proporcionais nos partidos seja de mulheres. Mesmo assim, atos ofensivos são notáveis. Para 2022, a ex-deputada estadual Manuela D’Ávila (PCdoB) anunciou que não concorreria a um cargo público nestas eleições devido à violência e ameaças sofridas. Silvana Covatti (PP), já anunciou em evento realizado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Estado, que no início de sua vida política teve de lidar com questionamentos e diversas comparações. O tema também ganha reverberação nas campanhas eleitorais dos candidatos à presidência do Brasil. No último domingo, 28, aconteceu o primeiro debate dos presidenciáveis. Nele, o candidato Jair Messias Bolsonaro se exaltou em questão feita pela jornalista Vera Magalhães sobre a cobertura vacinal no país. “Eu já esperava isso de você, Vera. Só pode que você tem uma paixão por mim, dorme pensando em mim”, disse Bolsonaro. O candidato ainda disse que não estava atacando mulheres. Ainda na ocasião, a jornalista do UOL, Thaís Oyama, direcionou sua pergunta para a candidata à presidência pelo MDB, Simone Tebet, e com comentário da candidata pelo União Brasil, Soraya Thronicke, Simone se considera uma feminista que luta pelo direito das mulheres, tais como a igualdade salarial entre homens e mulheres. “Precisamos de uma mulher para arrumar a casa, precisamos de uma mulher para pacificar o país, para o unir o país, para dar credibilidade”, destacou a candidata do MDB. Ainda, Simone destacou que sofreu violência na CPI da Covid, onde homens a ameaçaram e a chamaram de descontrolada por suas posições. A candidata do União, Soraya, destacou que acredita na paridade de gênero, ou seja, na igualdade entre homens e mulheres em todos os âmbitos da sociedade e afirmou descontentamento com o ataque proferido por Bolsonaro à jornalista Vera Magalhães e a disseminação do ódio no país.

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Mulheres à frente de posições de liderança
Em Vista Alegre, a Câmara de Vereadores do município é presidida por Andreia Maria Piaia. Ela relata que durante a realização de suas atribuições no ambiente político já ouviu piadinhas e olhares diferentes. “Às vezes, os homens acham que não estou certa e eles sim... Ainda sofremos os preconceitos da sociedade, que muitas vezes resultam em violência psicológica e moral às mulheres enquanto figuras políticas. Contudo, é incontroversa e irreversível a atuação da mulher na política”, destaca a presidente. 
Andreia frisa, ainda, que a presença de legislações que regulamentam e protejam a presença feminina no âmbito político são mecanismos que ajudam a reforçar o sentido da democracia no país, oportunizando assim um local mais seguro para o desenvolvimento de suas atividades. No município, a Câmara aprovou a instalação de um espaço nomeado Galeria das Mulheres Vereadoras “8 de Março”, que tem como objetivo valorizar o legado deixado pelas mulheres no desenvolvimento de Vista Alegre e incentivar a maior participação do gênero nas atividades legislativas do município. Andreia pretende inaugurar a galeria antes de deixar a presidência da Casa.

Mulheres são tema de debate entre presidenciáveis
O tema feminismo e violência contra a mulher foi recorrente também no debate político realizado pela rede Bandeirantes no domingo à noite. Abordado de forma estratégica pela candidata Simone Tebet (MDB), para atrair a confiança do eleitorado feminino e utilizado como provocação nas perguntas para o presidente e candidato pelo Jair Bolsonaro (PL), a forma como as mulheres são tratadas e o que está sendo feito e também planejado para este público dominou boa parte do tempo, demonstrando uma atenção especial poucas vezes dedicada a este tema em outros debates de candidatos à presidência. 

Fonte: Jornal O Alto Uruguai
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