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Alto e subindo
Por que comprar carne ficou mais caro?
Escalada no preço dos insumos para fabricação de ração lidera lista de motivos que se refletem no bolso dos consumidores e perspectivas não apontam mudança de cenário
Por: João Victor Gobbi Cassol
Publicado em: quarta, 02 de junho de 2021 às 14:20h

Se o aumento recente no preço dos cortes de gado, porco e frango já assusta, é bom se preparar para o que pode vir por aí. Em uma audiência realizada pela Comissão de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Capadr), no dia 21 de maio, representantes da indústria de produção de proteína animal não esconderam o cenário difícil no qual se encontra o setor atualmente para o mercado nacional. Pressionados pelo aumento da ração animal, eles debateram soluções para evitar que as prateleiras não fiquem desabastecidas pelos itens que compõem parte essencial na alimentação humana.

Preço dos grãos é o principal “vilão”
A preocupação tratada no encontro diz respeito ao encarecimento da produção das rações animais. O alimento de galinhas, porcos e bois teve o preço elevado consideravelmente nos últimos dois anos, especialmente em razão do valor dos grãos usados para a fabricação das rações. De janeiro de 2019 até maio de 2021, o preço do milho teve um aumento de 180% e o da soja 140%, o que se deve por uma soma de fatores, como as estiagens que prejudicaram as safras de milho nos dois últimos anos, segundo o engenheiro-agrônomo Cleber Cerutti.

Além da seca, a China passou a importar mais soja do Brasil, a fim de aumentar a produção de ração suína. As exportações dos grãos também cresceram para outros destinos, conforme Cerutti, e por cima disso tudo, a abertura de usinas de etanol no Centro-Oeste demandou uma grande quantidade de milho para a produção do combustível. Isso fez a oferta da matéria-prima das rações diminuir no mercado nacional e, por consequência, tornou os grãos mais caros. 

Outros custos da indústria também “explodiram” no período, principalmente, em função da pandemia: polietileno (+91%), diesel (+30%), papelão (+68%) e embalagens rígidas (+85%). 

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