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Trânsito regional
BR-386 foi a segunda mais letal no RS em 2021
Pesquisa da CNT apontou 498 acidentes na rodovia no ano passado, com registro de 49 mortes; na região, foram 163 incidências, com 12 vítimas fatais no período
Por: Nícolas Rahmeier
Publicado em: quarta, 18 de maio de 2022 às 17:26h
Atualizado em: quarta, 18 de maio de 2022 às 17:32h

A Confederação Nacional do Transporte (CNT) publicou uma série de pesquisas referentes ao estado que as estradas pavimentadas brasileiras se encontram. 
Segundo a pesquisa da CNT sobre os Acidente Rodoviários de 2021, o Brasil registrou 64.452 acidentes e destes, 52.762 tiveram vítimas fatais, o que significa que em praticamente 82% dos casos, pessoas morreram em decorrência do acidente.     
No mesmo período no Rio Grande do Sul, ocorreram 4.537 acidentes, sendo 78% destes com mortes registradas, ou seja, 3.562 pessoas morrem no ano passado só em decorrência da acidentalidade nas rodovias monitoradas pela CNT em território gaúcho. 

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Rodovia da região está entre as mais letais do RS
A BR-386 está na segunda posição no ranking das estradas que perpassam o RS, onde mais acidentes foram registrados em 2021. Foram 498 ocorrências, com 49 mortes, atrás apenas da BR-116, via onde aconteceram 926 acidentes, com 57 óbitos. 
Conforme dados repassados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), no trecho da BR-386, de Iraí a Carazinho, via que compreende os municípios da região, em 2021 foram registrados 163 acidentes, sendo em 12 deles com registro de mortes, sendo 12 também o número de pessoas que perderam a vida. Já em 2022, com dados referentes até o último domingo, 8, a PRF registrou 52 acidentes e dois destes resultaram em duas vítimas fatais. 

Acidentes BR-386: km 0 ao 197 (Iraí-Carazinho)
Quantidade de acidentes em 2021: 163
Acidentes com morte em 2021: 12
Pessoas mortas em 2021: 12
- Em 7,36% do total dos acidentes de 2021 foram registradas vítimas fatais

Quantidade de acidentes em 2022: 52
Acidentes com morte em 2022: 2
Pessoas mortas em 2022: 2
- Em 3,84% do total dos acidentes de 2022 foram registradas vítimas fatais
*Acidentes de 2022 considerando o período de 1º/01/2022 a 8/05/2022.

Condição da via não é a principal causa dos acidentes
Segundo relato do chefe da Unidade da Operacional da Polícia Rodoviária Federal de Seberi, José Adriano Ramos Maciel, a situação de conservação das rodovias atualmente não é péssima, mas está longe do cenário ideal, em especial no trecho de Iraí a Sarandi. Contudo, segundo Maciel, essa condição irregular não é o principal fator que gera os acidentes. “A questão de ser a rodovia a causa da acidentalidade é mínima, pois a maioria dos fatores dos acidentes causados hoje nas rodovias é a questão da falha humana, então as condições da rodovia interferem muito pouco e detêm um percentual muito baixo para causas de acidente”, destaca o chefe da unidade da PRF de Seberi.
Desse modo, segundo Maciel, as atuais condições incidem de forma mais incisiva nos fatores materiais de conservação e durabilidade dos veículos que trafegam pela rodovia, com danos mais evidentes em rodas, pneus e suspensões.

CNT classifica trecho de Iraí a Carazinho como regular
Outra pesquisa realizada pela CNT é a de classificação geral das rodovias federais pavimentadas em 2021. Nesse levantamento, a associação levou em consideração aspectos relacionados à pavimentação, sinalização e geometria da via. A CNT classificou a BR-386, trecho de Iraí a Carazinho, em situação regular, ocupando a 263ª posição de 505 rodovias de todo o Brasil. A extensão total da via é de Iraí a Canoas, contudo, o trecho de Carazinho à cidade metropolitana é concessionado, ao passo que o trajeto que contempla os municípios da região é de gestão pública. 
A pesquisa foi dividida entre cinco categorias: Ótimo, Bom, Regular, Ruim e Péssimo. De modo geral, contemplando todo o território gaúcho, a grande maioria das vias analisadas pela CNT se encontram em situação Regular (42,8%), seguido por Bom (29,5%); Ruim (18,5%); Péssimo (7,6%) e Ótimo (1,6%). 

Sobrecarga na rodovia
 O especialista em Trânsito e examinador do Detran/RS, Marcio da Silva, realizou uma avaliação com base nos dados da CNT e destacou alguns aspectos que podem contribuir para os índices da pesquisa sobre a BR-386, como a sobrecarga na via. 
– Esses números de acidentes só comprovam ainda mais duas situações bem antigas e corriqueiras, ou seja, que a rodovia federal BR-386 em nossa região continua muito movimentada, podíamos dizer até sobrecarregada, pois é caminho para escoar a produção agrícola que vem de outros Estados e que sai do RS também. Motivo esse para a tão almejada duplicação do trecho entre Iraí e Carazinho, ainda mais se considerarmos o ranking das causas dos acidentes, aonde em primeiro lugar estão as colisões. Em segundo lugar, está o fator humano, que é de grande relevância para a ocorrência de um acidente, seja por imprudência, negligência ou imperícia de seu condutor, ou seja, a rodovia BR-386 em nossa região fora considerada como regular, sendo assim possui defeitos. Esses referidos defeitos como tempo de malha viária precária, bem como, sinalização irregular ou inexistente ou inoperante influenciam diretamente em uma boa condução ao volante ou uma viagem com segurança, todavia, não são determinantes para concluir que foram os únicos fatores envolvidos em um acidente. Por fim, o fator humano dentro e fora do veículo, como campanhas educativas, manutenção, fiscalização e respeito no trânsito podem fazer a diferença na redução dos acidentes e mortes nas vias e no trânsito – pontua Marcio. 

Os riscos e os custos        
As condições de trafegabilidade na BR-386 são melhores experienciadas por aqueles que utilizam a rodovia diariamente. De acordo com o relato da gerente de Logística da AgroBella – unidade de Frederico Westphalen, Márcia Queiroz, os motoristas da empresa repassam que a situação é complicada e trafegar pela BR-386 é um desafio.
Márcia ainda comenta que os principais aspectos evidenciados pelos motoristas são as condições que a via se encontra, aliadas à questão do grande fluxo de veículos, principalmente, nas entradas das cidades, o que reforça o debate da necessidade da duplicação da via ou de uma terceira pista. 
A gerente de Logística da empresa que trabalha com nutrição animal destaca também que a manutenção dos veículos é frequente, em função dos estragos que os veículos sofrem. 
 

Fonte: Jornal O Alto Uruguai
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