Publicidade
Economia
Exportações movimentam R$ 460 milhões em Seberi
Comercialização de carne suína para mercado asiático quebra recorde em 2020 e confirma China como principal parceira comercial
Por: João Victor Gobbi Cassol
Publicado em: quarta, 07 de abril de 2021 às 14:46h
Atualizado em: quarta, 07 de abril de 2021 às 14:49h

Após décadas se destacando pela produção de suínos, a região vem conquistando crescimento significativo na industrialização da matéria-prima, agregando valor com a exportação. A pujança do setor foi reafirmada com a divulgação de dados pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, que mostraram a quebra do recorde de exportações no município de Seberi, relativos à atividade econômica de 2020. 
Depois de atingir níveis históricos em 2019, as exportações do produto processado em Seberi não apenas foram maiores no ano passado, como representaram um aumento de 167% em relação ao período anterior. Em plena pandemia, o setor da proteína animal seberiense movimentou quase 72 milhões de dólares, cerca de R$ 460 milhões na cotação atual, mantendo o município entre os 30 do Estado que mais realizam exportações.

O porquê do interesse asiático
Cada vez mais presente no cotidiano do brasileiro, o mercado chinês se mostrou, de longe, o principal comprador da carne suína processada em solo seberiense. Só no ano passado, o país comprou 80% dos produtos exportados a partir de Seberi, totalizando US$ 57 milhões. O restante se dividiu entre outras potências asiáticas, como Japão e Hong Kong. 
Embora os números sejam positivos para toda a cadeia produtiva de suínos em Seberi e na região, a razão principal por trás das compras feitas pelo mercado asiático significam que a relação comercial pode ter prazo de validade. China e países vizinhos só passaram a comprar a carne suína brasileira em grandes quantidades depois de 2018, quando a Peste Suína Africana atingiu a produção de porcos em solo chinês, como explica o empresário do setor, Leonir Balestreri.
– Até 2018, a cada 10 suínos produzidos no mundo, cinco eram da China. Mas com a PSA 50% do plantel de suínos chinês teve de ser dizimada, sacrificada, a fim de extinguir a peste. A peste se estendeu para diversos países asiáticos. Se olharmos que a China perdeu 50% de seu plantel, então chegamos na conclusão de que o mundo perdeu 25% da produção de carne suína. A partir do ano de 2019, o preço do quilograma do suíno chegou a um valor nunca visto, assim os suinocultores tiveram lucros extraordinários e também toda cadeia, inclusive os frigoríficos que exportam pra China e países vizinhos – relata o empreendedor com vasto conhecimento no mercado.

Dá tempo de investir?
Embora tenha reduzido os focos de PSA, a China ainda trava batalhas contra a peste. Recentemente, um novo surto da doença provocou novas mortes de suínos, reduzindo em 20% o plantel de porcos no Norte do país. De acordo com Balestreri, a China deverá conseguir controlar a peste apenas em 2025, mas não há certeza se a produção de suínos voltará ao ritmo anterior à PSA. 
Como não há um prazo específico para que que o parceiro comercial central da principal atividade econômica da região retorne à normalidade, a cadeia produtora de suínos segue aquecida, já que estão faltando porcos para os frigoríficos processarem.
– O frigorífico de Seberi está ampliando sua fábrica, mas precisa ter suinocultura. Há muitas granjas sendo construídas. Uma está aumentando a produção de 200 suínos por dia para 500 por dia, para se ter uma ideia da velocidade. Entre a ampliação da fábrica e a granja, vão ser gerados 300 novos empregos, na granja e no abate.
Apesar do cenário otimista nos negócios com a China, Balestreri ressalta que o Brasil também está sujeito à PSA, praga que causou grandes prejuízos no país nos anos 1970, quando quase todo o plantel de suínos teve de ser sacrificado na região. “Por isso, é muito importante que o Ministério da Agricultura continue com a fiscalização de todo produto que tenha algum tipo de carne importado pelo Brasil”, atesta o empresário.

Publicidade

Conexão Seberi-Ásia
Total exportado em 2020: R$ 460 milhões
Seberi é o 29º município que mais exporta no RS

Destino das exportações
80% China
15% Japão
2,6% Hong Kong
< 2,5% Geórgia, Singapura, Rússia, Angola, Haiti, Azerbaijão, Libéria, RD Congo, Costa do Marfim
    
Material exportado
84% carne suína fresca ou refrigerada
15% carnes e miudezas comestíveis

Fonte: O Alto Uruguai
Vitrine do AU