Após o início da operação militar da Rússia na Ucrânia, o mercado internacional de trigo registrou fortes elevações nos preços. Em Chicago, os valores fecharam a sessão de quinta-feira, 24, no limite de alta para o dia. As cotações dos fertilizantes ainda não variaram significativamente, mas a tendência também é de valorização.
Trigo
Conforme o especialista em trigo de Safras & Mercado, Élcio Bento, as commodities são ativos de risco e, normalmente, incertezas fazem investidores liquidarem suas posições e buscarem ativos mais seguros. “Esta situação específica para o trigo, é diferente, pois a região do Mar Negro, onde estão Rússia e Ucrânia, é onde há mais trigo no mundo”, comenta Bento. Ainda, o especialista lembra que a possibilidade desse conflito já estava no radar dos investidores. “A preocupação, agora, é que o prolongamento possa trazer desabastecimento. Além dos efeitos imediatos de redirecionamento da demanda, há incertezas quanto à manutenção dos cultivos das lavouras para o próximo ano comercial”, relata Bento.
Fertilizantes
Segunda a especialista em fertilizantes Maísa Romanello, o conflito traz de volta a incerteza ao Brasil. “A expectativa anterior, ainda de fevereiro, era de queda nos preços da ureia no Brasil. Isso acabou. Agora, a principal palavra, de novo, é incerteza”, lamentou. Romanello ainda explica que a elevação dos preços deve demorar a ser sentida no Brasil, uma vez que o produto é importado. “Há um certo ‘delay’ até que os produtores comecem a comprar fertilizantes e sintam a alta”, observou.
A alta dos preços leva em conta, basicamente, as sanções à Rússia, que deve interromper sua produção de gás natural, assim elevando os preços desta que é a principal matéria-prima para fertilizantes nitrogenados. Isso também pode afetar os preços do carvão, que é matéria-prima importante. O mesmo vale para o petróleo que, além de matéria-prima, afeta os custos dos fretes marítimos.