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Geral
Chimarrão mais caro? Estiagem também afeta produção da erva-mate
Plantações vêm sofrendo com o chamado estresse hídrico, que ocorre quando as plantas demandam determinada quantidade de água, mas o solo não supre
Por: Cíntia Henker
Publicado em: segunda, 24 de janeiro de 2022 às 10:05h
Atualizado em: segunda, 24 de janeiro de 2022 às 10:18h

Apesar de ser um hábito mais comum no inverno, há quem mesmo com as altas temperaturas não dispense seu chimarrão. No entanto, estes consumidores têm se deparado com altos preços da erva-mate nas prateleiras dos supermercados. 
Assim como em diversos setores, a falta de chuvas também tem afetado a produção do principal produto, que compõe a bebida-símbolo do Rio Grande do Sul. O assessor técnico da Câmara Setorial da Erva-Mate da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), Tiago Antônio Fick, afirma que as expectativas iniciais para 2022 eram de continuidade da recuperação da produção, reduzida pela seca de 2019, mas agora é possível que haja uma nova queda, pois a brotação da entressafra foi prejudicada. 
Tudo isso torna o cenário bastante incerto, já que a expectativa é de que a produção de 2022 contabilize 230 mil toneladas de folha verde, sendo que a média dos últimos anos chegou a 277 mil toneladas.

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Baixa produtividade
Na avaliação do extensionista rural da Emater/RS-Ascar, o engenheiro-agrônomo Felipe Lorensini, devido à estiagem, principalmente no período de brotação, a produtividade diminuiu bastante. Além disso, as plantações de erva-mate vêm sofrendo com o chamado estresse hídrico, que ocorre quando as plantas demandam determinada quantidade de água, mas o solo não tem para suprir. Isto também gera uma série de reações fisiológicas na folha. “Neste período, muitos produtores estão evitando colher a erva, já que no momento em que é feito o corte aumenta, e muito, a probabilidade de morte da planta”, acrescenta Lorensini. 
O preço da arroba, neste ano, varia entre R$ 20 e R$ 22, de acordo com a qualidade, enquanto que, no ano passado, o valor máximo era de aproximadamente R$ 15. 
Outros fatores também podem contribuir com um custo maior para o mate. Entre eles, a pandemia de Covid-19, que aumentou o consumo da população, já que a cuia e a bomba não podem ser compartilhadas, fazendo com que cada um faça seu chimarrão, consequentemente, utilizando mais erva. 
De acordo com o proprietário da Ervateira Província, de Seberi, Jair Obertti Gerhardt, tudo isso é resultado de uma séria de fatores. “Este aumento se dá por vários motivos. O primeiro é o aumento do preço da soja, onde muitas erveiras foram arrancadas para o plantio do grão. Outro deles é o aumento no valor do óleo diesel, já que dependemos para o transporte. O preço das embalagens subiu, assim como a lenha, custo com energia e peças para manutenção de maquinários. Além de tudo isso, temos o mercado externo (Argentina) que, em determinada época, vem para o Brasil e compra grande quantidade de matéria-prima”, comenta Gerhardt. 
Em levantamento feito nos principais supermercados da região, o valor do pacote de um quilo de erva-mate pode variar entre R$ 9 e R$ 15,50, dependendo da marca, qualidade e tipo. 
Por se tratar de um momento de incertezas, o cenário pode mudar no decorrer do ano, caso tenha mais chuvas e temperaturas amenas. A abertura oficial da colheita da erva acontece no fim de maio e segue durante todo o ano. 
 

Fonte: Jornal O Alto Uruguai
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