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Clima em janeiro
Calor de quase 50ºC no Rio Grande do Sul? Saiba o que diz a MetSul sobre essa previsão
Máximas derrubariam recordes de temperatura que perduram por mais de um século
Por: Gustavo Menegusso
Publicado em: sábado, 08 de janeiro de 2022 às 21:15h

Notícias de ondas de calor intenso no Rio Grande do Sul no próximo fim de semana, com temperaturas máximas perto de 50ºC, ganharam destaque em sites regionais e estaduais neste sábado, 8. A grande repercussão se deu a partir da divulgação de uma projeção feita por um modelo meteorológico norte-americano GFS, que projetou, em sucessivas saídas, temperaturas de até 47ºC na área de Porto Alegre e máximas perto de 50ºC em várias áreas do Estado, Centro da Argentina e no Uruguai. “Seria o maior calor de todos os tempos, a mãe de todas as ondas de calor, com valores que dizimariam recordes de temperatura máxima que perduram por mais de um século e com recorrência talvez de milhares de anos. Estes valores extraordinários, beirando o inimaginável, têm aparecido em vários sites e aplicativos que oferecem previsão do tempo gerada automaticamente por computador a partir de um ou mais modelos, sem intervenção de meteorologista”, explica Estael Sias, meteorologista e sócia-diretora da MetSul Meteorologia.
Segundo Estael, inicialmente é importante as pessoas entenderem o que é um modelo meteorológico. “São projeções feitas por supercomputadores que processam bilhões de cálculos a partir de equações matemáticas que são realizadas a cada número determinado de horas a partir de observações meteorológicas do mundo inteiro de satélites, estações de superfície e da atmosfera por sondagens realizadas por balões meteorológicos. Todos estes dados são inicializados no computador que processa e faz simulações futuras a partir deles. Modelo, assim, é ferramenta de previsão do tempo, dado bruto, e não previsão do tempo final feita por meteorologista. Muitas vezes, os meteorologistas daqui e do exterior já observaram tais simulações indicarem muitos dias antes cenários fora da realidade como, por exemplo, múltiplos furacões simultâneos no Atlântico que jamais se concretizaram. A tecnologia de modelagem numérica avançou muito e é uma revolução na previsão do tempo, mas imperfeita”, detalha.

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Além disso, conforme a meteorologista, há muitos modelos meteorológicos e que apresentam resultados distintos. “Ao assinante do MetSul, por exemplo, oferecemos dados de modelos como o norte-americano, canadense, alemão, o WRF e outros. O modelo GFS, que vem projetando temperatura extraordinariamente alta em nível absurdo para a metade deste mês, é a sigla de Global Forecasting System e operado pela a Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), agência de previsão do tempo e do clima do governo dos Estados Unidos. Por isso, quando fazemos uma previsão do tempo, não consideramos apenas um modelo em particular, mas todo um conjunto de dados. 


Misto de ceticismo, cautela e atenção
Para a MetSul, o modelo indicando máxima de 47ºC para Porto Alegre, é visto com um misto de ceticismo, cautela e atenção. “Ceticismo porque uma máxima de 47ºC não apenas dizimaria o recorde de Porto Alegre de 40,7ºC de 1943, como também do Rio Grande do Sul de 42,6ºC de 19 de janeiro de 1917 (Alegrete) e 1º de janeiro de 1943 (Jaguarão). E não para aí. Quebraria o recorde do Brasil de 44,8ºC em 4 e 5 de novembro de 2020 em Nova Maringá, no Mato Grosso. Pior, ficaria perto do recorde de calor oficial da América do Sul reconhecido pela Organização Meteorológica Mundial (OMM/WMO) de 48,9ºC em Ridavia, na Argentina, em 11 de dezembro de 1905. Seria absurdamente fora de curva e um desvio gigantesco da climatologia, algo que somente poderia se esperar sob os piores cenários (hoje improváveis) de aquecimento planetário de 4ºC a 5ºC pelas projeções para o ano 2.100. Cautela e atenção porque, mesmo que o modelo esteja exagerando, há uma sinalização de risco de um evento extremo, mas os valores apresentados pelo modelo GFS por ora são duvidosos”, destaca Estael.

Fonte: Jornal O Alto Uruguai, com informações da MetSul Meteorologia
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