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Conflito
Divergências entre comunidades indígenas preocupam municípios
Bloqueio na ERS-324, entre Planalto e Nonoai, está deixando comerciantes e empresários apreensivos com os impactos na economia
Por: Redação
Publicado em: quinta, 14 de outubro de 2021 às 17:10h
Atualizado em: quinta, 14 de outubro de 2021 às 17:51h

Desde o fim da tarde de segunda-feira, 11, motoristas que circulam pela ERS-324, entre Planalto e Nonoai, estão encontrando dificuldades em trafegar pelo trajeto em razão de um bloqueio na rodovia. A manifestação, que iniciou de forma total, e nesta quinta-feira, 14, prosseguia em meia pista, ocorre em razão de um conflito indígena envolvendo as comunidades de Pinhalzinho, em Planalto, e Bananeiras, em Nonoai.
Essa paralisação, que deverá continuar pelos próximos dias, está preocupando empresários, comerciantes e comunidade em geral da microrregião, que também envolve as cidades de Alpestre e Ametista do Sul. Isso, porque a rodovia é a principal rota para escoamento da produção primária destes municípios, especialmente da laranja, além do turismo, que já estão sendo impactados economicamente. 
Para discutir essa questão e evitar mais prejuízos, principalmente ao setor do comércio, um dos mais atingidos nos últimos anos com a pandemia, um encontro com lideranças foi realizado na manhã desta quinta-feira, 14, na Prefeitura de Planalto. Na ocasião, além do gestor municipal, Cristiano Gnoatto, participaram os presidentes das Associações Comerciais e Industriais (ACIs) e Câmaras de Dirigentes Lojistas (CDLs) de Alpestre, Luiz Carlos Kunz, e de Planalto, Rudinei Rossatto, e o diretor da Federasul, André Vanzin. “Os indígenas da Aldeia Pinhalzinho estão bloqueando a rodovia para solicitar a intervenção da Polícia Federal na solução deste conflito”, comenta Rossatto. 
– Com isso, somos nós que pagamos o preço. Vai dar problema no agronegócio, na suinocultura, pois os caminhões de ração estão tendo dificuldades para chegar, e também na fruticultura, que é bem forte aqui na região. As indústrias não estão conseguindo transportar as frutas para fora. Tem que fazer outros trajetos, mas as carretas, por exemplo, não têm como desviarem por outra rota. Então, é bem complicado – acrescenta Kunz.
Segundo Vanzin, o turismo também vem sendo impactado. “No feriado, vários ônibus que iriam para Ametista do Sul ficaram parados no local e almoços precisaram ser cancelados”, esclarece.
Para os empresários, por mais que meia pista foi liberada para a trafegabilidade dos veículos, a forma como precisam desviar pelo trajeto, com árvores, pedras e pneus, também gera medo e insegurança. “Os motoristas estão com medo de passar pela rodovia. Então, se isso continuar, nós também teremos que fazer uma manifestação, pois o comércio não poderá pagar este preço”, afirmam.

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Entenda o conflito
De acordo com o delegado de Polícia de Planalto, Ercilio Raulileu Carletti, há alguns meses há uma disputa pelo domínio das terras indígenas, onde o cacique da Terra Indígena Nonoai não reconhece a divisão da terra da Aldeia Pinhalzinho, em Planalto, que elegeu um novo cacique. 
Na segunda-feira, 11, essas divergências tiveram um novo capítulo, com disparos de armas de fogo e o recolhimento de quatro indígenas de Pinhalzinho para a “cadeia indígena”. Esse fato fez com que a aldeia de Planalto mobilizasse um bloqueio na ERS-324 para solicitar a intervenção da Polícia Federal no caso.  “A organização da comunidade foi dentro da lei. Os documentos foram todos entregues às autoridades competentes. Só que na segunda-feira um grupo armado invadiu e atirou em três casas da nossa aldeia. Quatro indígenas foram levados de refém e estão presos. Então, a comunidade decidiu bloquear a rodovia para ver se conseguimos resgatar estes homens que estão presos. A comunidade decidiu desta forma para ver se a Justiça vem dar uma mão para nós”, explica Luiz Jacinto, da Aldeia Indígena Pinhalzinho. 
Para o cacique da Aldeia Bananeiras, que é responsável por toda a Terra Indígena Nonoai, José Oreste do Nascimento, essa divisão de terras não é legal. “Há 42 anos que a gente lidera este povo e isso nunca aconteceu. Tenho o apoio de todos os caciques do RS e até de SC, conversei com as autoridades e ninguém concorda com essa divisão da terra indígena. Estamos pensando em até criar uma comissão e irmos para Passo Fundo para vermos isso com a Polícia Federal e Ministério Público e resolvermos essa situação de forma pacífica”, afirma o cacique.

Fonte: Jornal O Alto Uruguai
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