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Colecionismo
Conheça a Minicidade, museu em formato de vilarejo que está sendo construído em FW
Idealizado por pai e filho, local reproduzirá cidade “parada no tempo”, expondo acervo de itens que fizeram parte da vida na região no século passado
Por: João Victor Cassol
Publicado em: segunda, 05 de abril de 2021 às 15:31h
Atualizado em: segunda, 05 de abril de 2021 às 15:43h

O que um refrigerante Minuano, um carro Gurgel e fichas do cassino de Iraí têm em comum? Além de causarem sentimentos nostálgicos em quem viveu a vida adulta no século 20 na região, esses são apenas alguns dentre os milhares, talvez milhões, de itens arquivados naquele que deve se tornar um dos mais icônicos museus do Estado. Às margens da BR-386, quilômetro 29, na linha Tressi, em Frederico Westphalen, o “museu do carro antigo e minicidade” ainda não está oficialmente pronto e, mesmo sem o uso de qualquer rede social digital, já cativa o público a conhecer a proposta de uma viagem no tempo e no espaço.

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Uma cidade-museu

Idealizado ao longo dos últimos 15 anos pelo colecionador frederiquense João Alcides Piazza, 50 anos, o espaço rompe com a ideia de um museu onde o acervo é exibido em estantes e prateleiras. Ao contrário disso, o que ele acumulou nesses anos, de moedas a tratores, está sendo organizado em formato de cidade. Há ruas, empresas, posto de combustível, agropecuária, delegacia, cartório, borracharia, mecânica e até área de camping, tudo feito com materiais que ele já possuía em seu quintal de três mil metros quadrados, que servia como pátio do ferro-velho, negócio da família.

Quem vê a minicidade não imagina que ela nasceu do trabalho de duas pessoas. Em seis meses, Piazza e seu filho, Maurício, 28 anos, tiraram a ideia do papel e começaram a planejar a cidade. Usaram as centenas de carcaças de carros que tinham para montar a sua própria metrópole de jardim. Embora os lotes já estejam bem cheios, a expansão deve seguir, pois ainda falta uma prefeitura, uma academia, um bar, uma rodoviária e tudo mais que a imaginação de Piazza possa atingir.

Imersão no passado

A proposta pensada por Piazza é fazer os visitantes vivenciarem uma época antiga nos mínimos detalhes. O passeio terá exposição de modelos de carros antigos em toda a minicidade, mas também cada estabelecimento do vilarejo está abarrotado de itens que provocam uma verdadeira viagem a diferentes épocas. A caixinha com as garrafas de refrigerante Minuano limão, por exemplo, ficam na conveniência do posto de combustíveis. Na agropecuária, é possível encontrar muitos dos itens usados pelas famílias de agricultores que ajudaram a colonizar a região. “Meu pai ficava sabendo de alguém que tinha uma peça antiga, lá no interior, ele ia até lá e pegava”, conta Maurício.

Aos poucos, Piazza foi recolhendo, por vezes até salvando coisas que iriam para o lixo. Agora, passa as horas que lhe sobram no dia ajeitando cada uma das peças e pensando onde e como irá organizá-las. “É uma paixão. Eu gosto disso e faço com amor, sou um apaixonado, um colecionador e acumulador apaixonado”, descreve o empresário. Entre uma edificação e outra, os dois operários curtem os momentos de folga no bar que construíram usando a carcaça de uma Kombi com bancada.

“Estamos em obras”

Sem divulgar nada nas redes sociais, Piazza já foi surpreendido algumas vezes por visitantes. “Esses dias veio uma excursão com três ônibus. Estavam em Ametista do Sul e passaram aqui por que queriam ver. As pessoas se identificam, ficam vendo as coisas e lembrando”, comenta o colecionador, que também abriu o local para quem deseja fazer fotos e álbuns fotográficos.

Apesar disso, visitantes são exceção. Piazza quer abrir o local à comunidade apenas quando tudo estiver pronto. Ainda faltam algumas coisas. Ele quer construir um pavilhão onde está a vila, para proteger a criação e os turistas. Dono da cidade, ele não encontra burocracia para fazer obras, então também quer abrir novas ruas, pavimentar as atuais, acabar com buracos e realizar melhorias que certamente tornarão a cidade ainda mais encantadora. Mas o plano de desenvolvimento do vilarejo não permite enfeites. “Quero deixar os carros assim, sem repintar ou restaurar, que fiquem no estado natural”, comenta o entusiasta, enquanto aponta para a carcaça do Gurgel, um raro exemplar do carro brasileiro.

Enquanto as obras e a pandemia não permitem que o museu seja aberto, a dupla de funcionários segue o interminável trabalho de curadoria e organização do acervo que carrega histórias e emoções tão importantes quanto o tamanho físico que ocupa.

Fonte: O Alto Uruguai
Fotos
Vitrine do AU