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Rural
Rio Grande do Sul conclui colheita da soja
Redução de produtividade foi de 38,43% do montante previsto no início do plantio
Por: Márcia Sarmento
Publicado em: sexta, 30 de maio de 2025 às 15:19h
Atualizado em: sexta, 30 de maio de 2025 às 15:24h

A colheita da soja está praticamente encerrada no Rio Grande do Sul. Em função das chuvas que atingem o Estado, a conclusão da colheita dependerá da melhoria das condições climáticas. De acordo com o Informativo Conjuntural, divulgado pela Emater/RS-Ascar na quinta-feira, 29, há apenas algumas áreas remanescentes, correspondentes a segundo cultivo ou implantação tardia, que superaram o período crítico da estiagem. 
Essas áreas representam fração menor que meio ponto percentual da área cultivada e não devem impactar a produtividade média estadual, estimada em 1.957 kg/ha, o que representa uma redução de 38,43% nos 3.179 kg/ha projetados antes do início do plantio. No Estado, a área cultivada com soja é estimada pela Emater/RS Ascar em 6.770.405 hectares.
Diante das perdas significativas na safra de soja, causadas pela estiagem nos últimos meses, os produtores buscam alternativas para equacionar dívidas, com destaque para a demanda por securitização. Sem medidas de renegociação, há perspectiva de redução expressiva na área destinada à soja na próxima safra.

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Milho
Parcialmente limitada pelas precipitações, a colheita de milho alcançou 96%, estando 3% das lavouras maduras e 1% em enchimento de grãos, correspondendo a cultivos em segunda safra. As lavouras remanescentes apresentam bom potencial produtivo, mas a conclusão da colheita está condicionada à melhoria das condições climáticas. Em algumas áreas, está sendo cultivado nabo forrageiro para cobertura de solo e posterior dessecação para implantação de milho, a partir de agosto. 
Paralelamente, foram iniciados os encaminhamentos de custeio da próxima safra com os agentes financeiros cooperativos, aproveitando as atuais condições de juros e cobertura do Proagro. Parte dos produtores já adquiriu sementes, priorizando cultivares precoces e com maior tolerância à cigarrinha-do-milho e aproveitando melhores preços no período. 
A produtividade do milho no Estado está estimada pela Emater/RS-Ascar em 6.857 kg/ha, representando redução de 3,6% em relação à projeção inicial de 7.116 kg/ha, realizada antes do início do plantio. A área cultivada está estimada em 706.909 hectares.

Milho silagem
A colheita do milho para silagem foi praticamente inexistente no período e, aproximadamente, 99% foram colhidos. As lavouras remanescentes encontram-se em fase de maturação, e a colheita está prevista para os próximos dias, condicionada à melhora das condições climáticas. Para o Estado, a produtividade estimada pela Emater/RS-Ascar está em 35.934 kg/ha, representando redução de 6,52% nos 38.440 kg/ha estimados na ocasião do plantio. A área plantada é de 339.555 hectares.

Feijão
A colheita avançou para 65%, limitada pelo predomínio de tempo chuvoso e elevada umidade nos cultivos. As lavouras em maturação alcançam 30%, e 5% estão em enchimento de grãos. Os grãos colhidos apresentam boa qualidade física e sanitária, porém teor de umidade elevado, o que exige a realização de secagem imediata para evitar deterioração e preservar as características desejáveis para armazenamento e comercialização. A área de cultivo está estimada pela Emater/RS-Ascar em 15.597 hectares, e a produtividade em 1.316 kg/ha.  

Trigo
O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), desde 21 de maio, ampliou as regiões aptas à semeadura do trigo no Estado, o que resultou na intensificação das atividades de plantio e no aumento do número de propriedades envolvidas. No entanto, as precipitações, registradas a partir de 24/05, interromperam temporariamente os trabalhos, que deverão ser retomados assim que as condições de umidade do solo se tornarem adequadas para a operação mecanizada.

Aveia branca
A semeadura foi priorizada pelos produtores por se ajustar ao período recomendado pelo Zarc. No entanto, o avanço das operações foi limitado pela elevada umidade do solo, que comprometeu a viabilidade do tráfego de máquinas e a realização adequada das operações mecanizadas. As lavouras implantadas apresentam bom estabelecimento inicial, com emergência uniforme, reflexo de práticas adequadas de semeadura, como profundidade e contato adequados entre semente e solo. 
O cultivo da aveia branca tem despertado interesse entre os produtores para uso como grão – destinado ao consumo humano e à alimentação animal – e para a produção de sementes. Esse aumento na adoção da cultura está relacionado à valorização do grão no mercado e à sua viabilidade como cultura de inverno, especialmente em áreas com redução na intenção de plantio de trigo.

Cevada
Iniciou-se a semeadura das lavouras de cevada destinadas à produção de grãos para alimentação animal, com desenvolvimento inicial considerado adequado. As áreas destinadas à produção de malte encontram-se em fase de preparo. Apesar do avanço das atividades, mantém-se a tendência de baixa expressão da cultura no Estado em razão das limitações de mercado, das exigências específicas de qualidade do grão para indústria e da maior competitividade de outras culturas de inverno.

Bovinocultura de corte
O estado corporal do rebanho bovino de corte mantido em campos nativos apresenta leve declínio, refletindo a mudança nas temperaturas e o aumento da frequência das chuvas, que resultam em redução na oferta e na qualidade das forrageiras. Contudo, observa-se incremento nas áreas com pastagens cultivadas de aveia e azevém, que já se encontram em condições de utilização. 

Bovinocultura de leite
A produção está em recuperação, especialmente nas propriedades que enfrentaram vazio forrageiro nas últimas semanas. Já é possível reduzir de forma parcial a suplementação com concentrados e volumosos, que mantinha os custos de produção elevados. Novos casos de raiva herbívora foram diagnosticados no RS e no estado vizinho de Santa Catarina. 

Fonte: Jornal O Alto Uruguai, com informações da Emater/RS-Ascar