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Investigação
MPE pede cassação de mandado de vereador de Boa Vista das Missões
Candidato com votação recorde é alvo de ação que aponta uso de R$ 600 mil para fraudar resultado eleitoral com foco em lucro por apostas
Por: Redação
Publicado em: sexta, 09 de maio de 2025 às 13:35h
Atualizado em: sexta, 09 de maio de 2025 às 13:48h

Um suposto esquema de compra de votos com objetivo de lucrar em apostas eleitorais é alvo de investigação do Ministério Público Eleitoral (MPE) em Boa Vista das Missões. A ação, que tramita na Justiça Eleitoral, pede a cassação do registro de Sérgio Bueno Rocha, o Serginho, eleito vereador pelo Partido Progressistas (PP), e a condenação de Valtenir Bueno Dornelles, conhecido como Anibal, apontado como o idealizador do plano.
Sérgio foi o vereador mais votado da história da cidade, com 438 votos. Segundo a denúncia, o resultado teria sido manipulado por meio da compra de votos, financiada por Anibal, com o intuito de faturar em apostas feitas antes da eleição. Em áudios que foram encaminhados à imprensa, Anibal cobra o cumprimento de supostos acordos com eleitores: "Confirma o votinho lá para nós, tudo sabe né, que nós 'combinemo".
O caso veio à tona após denúncia do ex-prefeito, Paulo Roberto Galvão Ignacio. Segundo ele, Anibal teria investido mais de R$ 600 mil para garantir a eleição de Serginho. O ex-prefeito estima que o faturamento com o esquema tenha chegado a R\$ 2 milhões. “Ele já chegava direto, ‘quanto você quer pelo teu voto?’. Fechava negócio com a família inteira”, relatou.
Moradores da cidade confirmaram a prática. Um deles, que preferiu não se identificar, disse que sua família recebeu R$ 5 mil em troca dos votos. A reportagem também ouviu apostadores que perderam dinheiro ao apostar contra Serginho, acreditando que ele não teria chances de se eleger. “Achei que ganhava fácil. O outro já era conhecido, o Serginho ninguém conhecia”, disse um aposentado, de 77 anos, que apostou R$ 60 mil, valor recebido pelo arrendamento de suas terras. Outro apostador perdeu R\$ 300 mil apostando que três candidatos tradicionais superariam Serginho e um aliado.
Sérgio negou as acusações. “Não confirmo essa compra de votos, fizemos política limpa”. O PP informou que não tem acesso às informações do processo e, por isso, ainda não vai se manifestar. Já Anibal não respondeu à imprensa.
Em 2024, o Tribunal Superior Eleitoral aprovou uma resolução que considera ilegal a prática de apostas com base em resultados eleitorais, especialmente se envolver promessa de dinheiro ou vantagens em troca de votos. A conduta pode configurar abuso de poder econômico e resultar em punições como cassação do mandato. O caso segue em tramitação na Justiça Eleitoral.
 

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Fonte: Jornal O Alto Uruguai, com informações da GZH