O sábado, 3, foi de debates intensos e enriquecedores no Pavilhão Conexão Expofred Agro, dentro da programação da Expofred 2025. Mediado pelo jornalista e especialista em agronegócio, Pedro Ernesto de Macedo, o painel reuniu grandes nomes da área para discutir temas cruciais para o presente e o futuro do setor rural brasileiro: sustentabilidade, sucessão familiar, protagonismo feminino e condomínio agrário.
Participaram da conversa, Valdecir Mokwa, CEO da Agridata e referência nacional em contabilidade rural e condomínios agrários; Leila Dal Moro, doutora e coordenadora do mestrado em Agronegócio e Sustentabilidade; e Giana Mores, economista com 20 anos de atuação e pesquisas voltadas à gestão e inovação no campo.
Mokwa apresentou o conceito de condomínio agrário, modelo que propõe a união de produtores em uma estrutura compartilhada de produção e gestão dentro da porteira. Segundo ele, a iniciativa é uma resposta prática à dificuldade dos pequenos produtores em alcançar escala e competitividade sozinhos. “É uma nova forma de produzir, que permite somar conhecimento, tecnologia e recursos, garantindo que até propriedades sem sucessores diretos possam continuar ativas dentro de um sistema cooperado e organizado”, explicou.
A doutora Leila Dal Moro destacou os avanços e os desafios enfrentados pelas mulheres no agronegócio, especialmente, na agricultura familiar, ainda marcada por tradições patriarcais. Para ela, o protagonismo feminino precisa ser compreendido como parte da sustentabilidade do setor. “Não se trata de competir, mas de colaborar. A mulher do campo tem um papel estratégico que vai muito além da lavoura; ela organiza, gere, decide e representa. E isso precisa ser reconhecido com políticas, capacitação e espaços de liderança”, afirmou.
Na mesma linha, Giana Mores defendeu o fortalecimento das redes de apoio e formação para as mulheres e para os jovens que estão assumindo o comando das propriedades rurais. Segundo a economista, a sucessão familiar ainda é um tabu em muitas famílias, o que dificulta o planejamento de longo prazo. “O maior erro é não falar sobre sucessão. É preciso naturalizar esse processo, permitir que o jovem traga inovação e propósito à propriedade, e criar um ambiente de diálogo e respeito entre gerações”, pontuou.
O painel também ressaltou a importância de enxergar o agronegócio como um ecossistema interligado, onde universidades, sindicatos, cooperativas, entidades públicas e privadas têm papéis fundamentais. “Sustentabilidade é muito mais do que meio ambiente. É também gestão, inclusão, gênero, renda, tecnologia e inteligência coletiva. E o agro, para continuar sendo protagonista no Brasil, precisa integrar tudo isso com planejamento, união e coragem para fazer diferente”, concluiu Pedro Ernesto.