Embora gere bonitas imagens, a iluminação em tons alaranjados que recobre a região durante os últimos dias tem uma explicação preocupante e pouco animadora: as trágicas queimadas de vegetação que vêm ocorrendo no Paraguai e em territórios do Centro-Oeste brasileiro. Mas se engana quem pensa que esse tipo de problema ambiental seja exclusivo de localidades distantes. Pelo contrário, o fogo em áreas de mata também vem sendo observado na região de Frederico Westphalen, em proporções que assustam até quem vivencia esses danos há anos.
O relato dos policiais do 2º Grupamento de Polícia Ambiental de Frederico Westphalen (Patram-FW) traduz a dimensão do problema na região. Em dois dias, a corporação atendeu seis ocorrências de incêndios ambientais, cuja área devastada pode ser considerada um recorde local, passando de 11 hectares. Em todos os locais onde os policiais foram chamados, o fogo se alastrou para a vegetação nativa após produtores terem realizado a queima das lavouras.
– Agosto, historicamente, é um mês em que ocorrem queimadas nas lavouras, já que o inverno está chegando ao fim e os produtores têm esse costume. Mas este ano está muito pior. E o que a gente vem notando é que as pessoas realizam a queima e acham que vão conseguir controlar o fogo, mas está ventando bastante e aí ele se espalha para outras áreas, toma outras proporções e fica descontrolado – explica o comandante da Patram de FW, sargento Márcio André Mezzaroba.
Na maioria dos locais onde a Patram-FW esteve, o fogo atingiu áreas de difícil acesso, como matas fechadas, pontos nos quais nem os policiais, nem os bombeiros conseguem chegar. “Então, essas áreas ficam queimando por um longo tempo, não tem o que fazer. Em uma das ocorrências, sabemos que o incêndio durou mais de 24 horas”, relata Mezzaroba.
Punições brandas
Das ocorrências atendidas recentemente pela Patram-FW, três foram na sexta-feira, 20, em Frederico Westphalen e Seberi. O fato registrado em solo seberiense, às margens da BR-386, chamou a atenção dos policiais. Há cerca de um mês, o proprietário da terra foi autuado por fazer a derrubada de árvores e, agora, decidiu queimar a vegetação suprimida. Assim, terá de responder a dois processos por crimes ambientais.
Para os policiais, parte desse comportamento e de outros fatos semelhantes pode ser explicado pelas brandas punições previstas na legislação atualmente. Hoje, tanto os crimes de desmatamento, como o uso do fogo ou causar poluição possuem penas vistas como leves, cujas multas podem ser “compensadas” com os resultados financeiros obtidos pelo aumento ilegal da área de plantio, por exemplo.
Canal para denúncias
As outras três ocorrências atendidas pela Patram-FW ocorreram em Pinheirinho do Vale, na segunda-feira, 23. Lá, os policiais se deslocavam para atender uma denúncia e, até chegarem ao local, avistaram outros focos de incêndio no interior do município. Assim, autuaram três proprietários que, juntos, queimaram cerca de 7,67 hectares, entre matas e lavouras.
Ainda que as incursões da Patram-FW pelas estradas na região seja uma forma eficiente de identificar outros incêndios ilegais, a equipe ressalta à comunidade a importância de se fazer denúncias sobre tais crimes. É possível informar a Patram-FW sobre essas e outras atividades irregulares anonimamente, pelo telefone 3744-6919.
