Publicidade
Cléo Vedana Zanluchi
“Sou o reflexo da minha própria força”
Por: Susi Cristo
Publicado em: terça, 15 de outubro de 2024 às 17:45h
Atualizado em: terça, 15 de outubro de 2024 às 17:49h

Cléo Vedana Zanluchi é mais do que um nome: é um símbolo de empoderamento, superação e luta por direitos. Natural de Rodeio Bonito, aos 25 anos, a jovem trans vem construindo a sua história, possibilitando também que muitos sejam encorajados a serem ouvidos e que tenham a oportunidade de viver como, quando e onde quiserem. E não é à toa que ela conquistou títulos como Miss Trans Diversidade Rio Grande do Sul, além do reconhecimento com o Troféu Visibilidade Trans Verônica Oliveira.
– Em 29 janeiro deste ano, data comemorada nacionalmente o Dia da Visibilidade Trans, o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, realizou a primeira edição do Troféu Visibilidade Trans Verônica Oliveira. Ao todo, 50 personalidades foram premiadas pelas ações desenvolvidas para promover o respeito à diversidade e a visibilidade da pauta no Estado em 2023, e fui uma das personalidades escolhidas – conta.  

Publicidade

Beleza, inteligência e ativismo
A trajetória de Cléo mostra que a diversidade é uma força, e que as unindo pode-se construir um mundo mais igualitário. “Sou uma mulher trans e modelo. Crescer e viver em uma cidade pequena traz desafios únicos. Os olhares de julgamento e comentários maldosos ainda existem e, por mais inaceitável que seja, essa é a realidade que muitas pessoas como eu enfrentam. Aprendi que não posso permitir que essas vozes apaguem quem sou. Cada vez que alguém tenta me diminuir com preconceitos, me levanto mais forte, pois sei que meu valor não está na opinião alheia, mas no que construo e acredito. Sou o reflexo da minha própria força”, frisa.

Do interior para o mundo
Formada em Moda, o que lhe proporcionou uma base para expressar sua criatividade, Cléo diz que a sua formação simboliza a transformação, identidade e liberdade, e contribuiu para ela chegar onde está hoje.
– A vontade de ser miss nasceu comigo. Cresci em um ambiente conservador, o que fazia meu sonho parecer impossível. No entanto, aos 17 anos, dei o primeiro passo e participei do meu primeiro concurso. Conquistei o título de Miss Beleza Trans 2016, e isso mudou tudo. Deixei de apenas sonhar para viver minha realidade. Cada concurso que participei posteriormente foi como um grito de liberdade. Compreendi que não se tratava apenas de vencer, mas de abrir espaço para outras pessoas como eu, mostrando que ser Miss vai muito além da beleza exterior, é sobre coragem, resiliência e autenticidade. Ao longo dessa minha jornada, conquistei títulos que carregam histórias e batalhas pessoais, como o Miss Beleza Trans 2016; Miss Trans Ametista do Sul; Miss Trans Diversidade RS 2023/2024 (e serei retitulada em 2025); Imperatriz da Diversidade do Médio Alto Uruguai; Miss Universe Trans Mato Grosso, o que me proporcionou a honra de representar esse estado no Miss Universo Trans Brasil. Esses títulos são mais do que coroas; são símbolos de resistência e representatividade. Agora estou me preparando para o Miss Brasil Trans, que acontecerá em São Paulo, em março de 2025 – complementa.

Os projetos
A história de Cléo é sobre não desistir. Não importa o quão difícil ou improvável possa parecer, para ela, sempre há espaço para vencer e brilhar. “Meu maior legado será mostrar que todos nós podemos alcançar o que sonhamos. Como sempre digo, viver com autenticidade é o ato mais corajoso que podemos fazer por nós mesmos. Meu grande sonho profissional ainda é ser coroada Miss Universo Trans. Isso vai além de uma coroa, trata-se de representar tantas outras pessoas que, assim como eu, enfrentam barreiras diariamente. Além disso, pretendo expandir minha atuação na moda, utilizando minha visibilidade para quebrar estereótipos e desafiar as normas tradicionais de beleza. No âmbito pessoal, estou me preparando para realizar um sonho antigo, de tornar-me comissária de bordo. Esse será meu próximo passo em uma jornada de transformação pessoal e profissional. Também, continuarei sendo conselheira da Associação da Diversidade Região do Médio Alto Uruguai, lutando para garantir os direitos civis de pessoas LGBTQIAPN+ na minha comunidade, e servindo como apoio para pessoas vítimas de abandono e preconceito. Como sempre falo, a nossa história deve ser sempre sobre nunca desistir”, finaliza.

Fonte: Jornal O Alto Uruguai
Fotos