A Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) revelou, recentemente, um estudo que mostra a presença de altos teores alcoólicos em diversas marcas populares de pão de forma no Brasil. A pesquisa levanta sérias questões sobre a segurança alimentar, especialmente para gestantes e crianças.
De acordo com o levantamento, se os pães fossem bebidas, os produtos de cinco marcas seriam considerados alcoólicos, ou seja, com teor de álcool superior a 0,5%, como o Visconti (teor alcoólico de 3,37%), Bauducco (1,17%), Wickbold 5 Zeros (0,89%), Wickbold Sem Glúten (0,66%), Wick Leve (0,52%), e Panco (0,51%).
As marcas envolvidas no estudo afirmam que seguem rigorosamente a legislação brasileira e mantêm processos rigorosos de controle de qualidade. A Proteste, para assegurar a precisão dos resultados, dividiu a análise em duas etapas, examinando vários lotes de cada marca, então, notou-se uma variação nos teores alcoólicos entre os lotes de uma mesma marca, como no caso da Bauducco, cujos pães variaram de 1,17% a 0,66% de teor alcoólico. A variação é atribuída ao processo de armazenamento e validade dos produtos, assim, a associação considerou o maior valor registrado para cada marca ao compilar os resultados.
Segundo o diretor-executivo da Proteste, Henrique Lion, a fermentação e os conservantes são os responsáveis pelo álcool nos pães. Ele destacou que, idealmente, o álcool deveria evaporar durante o processo de fabricação, mas isso não está ocorrendo em alguns casos.
Além das preocupações com a saúde, a Proteste também avaliou a possibilidade de motoristas serem acusados de embriaguez ao serem submetidos ao teste do bafômetro após consumir esses pães. Os dados laboratoriais sugerem que a ingestão de duas fatias de pães com alto teor alcoólico, como os da Visconti e Bauducco, poderia resultar em um teste positivo para álcool no sangue, conforme os limites estabelecidos pelo Detran.
O consultor técnico da Proteste, Rafael Moura, defendeu a comparação do teor alcoólico dos pães com o de bebidas alcoólicas para melhor informar os consumidores. Ele enfatizou que ninguém espera consumir mais de 0,5% de álcool ao comer pão, o que reforça a necessidade de uma regulamentação específica, por isso, a empresa planeja enviar os resultados do estudo ao Ministério da Agricultura e à Anvisa, propondo a criação de limites claros para o teor alcoólico em pães de forma.