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Enelise Katia Piovesan
“A humildade te leva muito longe”
Por: Susi Cristo
Publicado em: segunda, 15 de janeiro de 2024 às 17:16h
Atualizado em: segunda, 15 de janeiro de 2024 às 17:27h

Enelise Katia Piovesan, 40 anos, é uma das poucas pessoas que ainda quando criança já descobriu o seu amor pela profissão. Ela nasceu em Frederico Westphalen e foi criada na comunidade da linha Faguense, onde até hoje residem os seus pais, Albino e Enelói. E foi também em FW, que ela iniciou seus estudos e concluiu sua graduação em Ciências Biológicas, pela URI/FW. “A escolha pelo curso foi muito fácil. Biologia sempre foi minha matéria favorita na escola. Chegava em casa da aula e adorava coletar plantas, insetos, observar o comportamento das espécies em seu ambiente natural. Também gostava de coletar minerais e rochas. Estas duas áreas, Biologia e Geologia, se encontram em uma área que se denomina Paleontologia, na qual sou especialista. Essa curiosidade natural, hoje entendo que já representava o desejo de ser pesquisadora. Então, como sempre digo, a Biologia sempre foi uma escolha desde criança”, relembra.

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Docência
Assim como a Biologia, a área da docência surgiu naturalmente na vida de Enelise, e ganhou um lugar especial. Desde 2014, ela reside em Recife, onde é professora da Universidade Federal de Pernambuco, ministra aulas nos cursos de Graduação em Geologia e Biologia, e no Programa de Pós-Graduação em Geociências, sendo vice-coordenadora deste último. “Ainda, sou líder do grupo de pesquisa do Laboratório de Geologia Sedimentar e Ambiental (Lagese) e coordenadora do Laboratório de Micropaleontologia Aplicada (LMA)”, explica a frederiquense, que tem Mestrado em Geologia pela Unisinos, e Doutorado em Geologia, pela Unisinos e Universidade de Lisboa.

Antártica
Enelise está sempre em busca de algo novo, e isso a fez aceitar o convite do coordenador do Projeto Paleoantar, em 2016, para integrar o grupo de paleontólogos e geólogos em uma expedição pela Antártica, em busca de amostras de rochas e fósseis do Período Cretáceo. “Participei de três expedições ao continente gelado, para realizar pesquisas e coletar amostras de fósseis, como uma das investigadoras do Projeto Paleoantar, que é financiado pelo CNPq, com apoio da Marinha do Brasil. O mais longo tempo que fiquei acampada em uma das ilhas foi de 50 dias, porém toda a logística demanda cerca de três meses (desde a partida até o retorno ao Brasil). Estas experiências foram transformadoras, tanto do ponto de vista pessoal quanto profissional. Acho que aprendi muita coisa sobre Geologia, Biologia, mas sobretudo sobre simplicidade e espírito de equipe durante as expedições”, conta.

Indicação para a ABC
Em dezembro, Enelise foi indicada como Membro Afiliado da Academia Brasileira de Ciências (ABC), o que foi motivo de muita felicidade para toda a família. “O ano de 2023 foi generoso comigo. Realizei pesquisas que resultaram em diversos artigos científicos, publicados em revistas internacionais, orientei alunos de graduação, mestrado e doutorado, desenvolvi muitos projetos, organizei um simpósio nacional na área de Paleontologia. Na primeira semana de dezembro, fui surpreendida pela notícia da indicação, como membro afiliada, para a Academia Brasileira de Ciências. Li várias vezes o e-mail para acreditar (para os cientistas, isso equivale a um Oscar). Mas acredito que seja resultado de muitos anos de dedicação e parceria com diversos cientistas ao longo da minha carreira. Na pesquisa, assim como na vida, é fundamental ter humildade para estar sempre aprendendo. A humildade te leva muito longe. Estou ansiosa, a posse será na segunda quinzena de agosto”, explica.

Projetos
Quanto aos projetos pessoais e profissionais, Enelise diz que tem muitos planos. “Profissionalmente, ainda desejo fazer um pós-doutorado em outro país, que tem sido adiado em função da coordenação de uma série de projetos que envolvem muitos pesquisadores. Também espero descrever mais espécies fósseis e contribuir no entendimento da história geológica da Terra. Nos próximos anos, seguirei coordenando projetos de pesquisa que são financiados pela Petrobras, cuja temática é a prospecção de petróleo e gás. Também devo dedicar mais tempo a atividades de gestão, para contribuir na elaboração de estratégias para alavancar o desenvolvimento científico e tecnológico, sobretudo no Nordeste do Brasil. No pessoal, acho que gostaria de ter uma casa com um quintal bem grande, para produzir frutas, ter uma hortinha e alguns cachorros. Ah, também queria ter uma churrasqueira neste quintal (risos). Ainda, desejo, mais tempo de qualidade para ler mais, viajar, conhecer outras culturas”, finaliza.
 

Fonte: Jornal O Alto Uruguai
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