ISO 14.001/2015 é a norma internacionalmente aceita para estabelecer e operar um Sistema de Gestão Ambiental
**Os artigos aqui publicados são de responsabilidade de seus autores, não traduzindo a opinião do jornal O Alto Uruguai
quinta, 23 de fevereiro de 2023

Gestão ambiental é a administração do exercício de atividades econômicas e sociais de forma a utilizar de maneira racional os recursos naturais, renováveis ou não. A gestão ambiental deve visar o uso de práticas que garantam a conservação e preservação da biodiversidade, a reciclagem das matérias-primas e a redução do impacto ambiental das atividades humanas sobre os recursos naturais.
Será que temos algo a ver com os problemas ambientais que o planeta vem sofrendo? Vocês já pensaram que as saídas indesejáveis (resíduos sólidos, efluentes líquidos e emissões atmosféricas) de um processo produtivo representam ineficiência e custos para a empresa/indivíduo, podendo ser transformadas em oportunidades de lucros?    O SGA é o conjunto de diretrizes adotadas para a implementação de uma política ambiental numa determinada empresa ou unidade produtiva que especifica competências, comportamentos, procedimentos e exigências a fim de avaliar e controlar os impactos ambientais de suas atividades. O objetivo das empresas ao implantar o SGA é melhorar o seu desempenho em relação ao meio ambiente, através do reconhecimento de suas atividades potencialmente poluidoras e o estabelecimento de planos de ação para atenuar ou eliminar estas características de operação. A gestão ambiental surgiu da necessidade do ser humano organizar melhor suas diversas formas de se relacionar com o meio ambiente na busca do desenvolvimento sustentável.
Os certificados de gestão ambiental da série ISO 14000 atestam a responsabilidade ambiental no desenvolvimento das atividades de uma organização. A certificação ambiental surgiu pela necessidade de diferenciar os produtos que apresentavam um desempenho ambiental adequado, considerando sua utilização pelo consumidor e todos os demais aspectos citados anteriormente. Com o tempo o processo de produção, desde a matéria prima até a disposição de resíduos, começou a ser o principal fator para a obtenção da certificação ambiental. 
A certificação ambiental é concedida a organizações, que nos processos de geração de seus produtos, respeitam os dispositivos legais referentes às questões ambientais e apresentam determinados procedimentos exigidos pelo órgão certificador. Para a obtenção e manutenção do certificado ISO 14000, a organização tem que se submeter a auditorias periódicas, realizadas por uma empresa certificadora, credenciada e reconhecida pelos organismos nacionais e internacionais.
E como ocorre o processo de certificação? A partir da assinatura do contrato com uma entidade certificadora (DNV, ABS, BVQI etc.), a empresa pode optar por uma pré-avaliação onde terá oportunidade de identificar pontos do SGA que requerem melhorias para obter a certificação e receber orientações. Em um momento de avaliação inicial, é realizada uma verificação de documentações do SGA, com destaque para a parte de requisitos legais. Na avaliação principal, é feita uma verificação in loco das práticas do SGA nas diversas áreas da empresa. De acordo com o resultado da auditoria, a empresa é indicada a receber a certificação. Uma empresa certificada (validade até 3 anos), é submetida a auditorias de manutenção anuais que podem ter o escopo dividido e ocorrer a cada 6 meses. 
Como podemos aplicar a ISO 14.001/2015 no nosso lar ou local onde trabalhamos? Vocês já pensaram para onde vão os resíduos que geram em casa. Será que ações para redução da geração de resíduos ou a transformação em compostos orgânicos para o aproveitamento na horta, seriam processos eficientes. E quanto aos resíduos gerados na empresa onde trabalham, nas agroindústrias e na produção agrícola. Se houvesse penalidades efetivamente aplicadas para quem lançasse seus resíduos em terrenos desocupados, por exemplo, será que a postura da população mudaria. E quanto a postura das pessoas com a utilização da água por exemplo. Se este recurso tivesse uma tarifação mais elevada, será que as pessoas continuariam a “varrer” calçadas com água ou qualquer outro consumo demasiado. Esses seriam alguns aspectos ambientais dentro de um SGA, que bem conduzidos, não causariam impactos ambientais negativos ao meio ambiente.
Através de um SGA eficiente teremos benefícios econômicos como: Economia de custos; Redução do consumo de água, energia e outros insumos; Reciclagem, venda e aproveitamento de resíduos, e diminuição de efluentes; Redução de multas e penalidades por poluição; Incremento de Receita; Aumento da contribuição marginal de “produtos verdes”, que podem ser vendidos a preços mais altos; Aumento da participação no mercado, devido à inovação dos produtos e à menor concorrência; Linhas de novos produtos para novos mercados; Aumento da demanda para produtos que contribuam para a diminuição da poluição. Assim como benefícios estratégicos: Melhoria da imagem institucional; Renovação da carteira de produtos; Aumento da produtividade; Alto comprometimento do pessoal; Melhoria nas relações de trabalho; Melhoria da criatividade para novos desafios; Melhoria das relações com os órgãos governamentais, comunidade e grupos ambientalistas; Acesso assegurado ao mercado externo; Melhor adequação aos padrões ambientais.
Se uma real conscientização ambiental fosse disseminada, não seriam necessárias altas tarifas ou multas para mudar o comportamento das pessoas, promovendo de forma coordenada o uso, proteção, conservação e monitoramento dos recursos naturais e socioeconômicos em um determinado espaço geográfico, visando o desenvolvimento sustentável. Pensar globalmente e agir localmente, essa é a consciência que devemos ter.
 

Texto: professor-doutor Alexandre Couto Rodrigues (foto), com a colaboração da professora-doutora Aline Ferrão Custódio Passini.

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