A sinfonia do adeus
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segunda, 13 de dezembro de 2021

Diz-se que o nome José é o mais simples de todos, talvez seja porque foi o nome do pai adotivo de Jesus, o servo de Deus mais humilde e obediente que já pisou neste mundo. José, também foi o nome de um grandioso compositor de origem muito pobre, que recebeu o título de pai da sinfonia. Apesar de ter vivido apenas em Viena e arredores que circundam o local de seu nascimento, a fama de José como compositor de exímias e abundantes páginas sinfônicas, percorreu as nações.

José esteve a serviço de uma abastada família de aristocratas chamada Esterhazy, que passava os verões em seu suntuoso palácio localizado na região fronteiriça da Hungria. Nestas estadias, quando o príncipe decidia realizar um festejo, encomendava ao compositor uma nova sinfonia para ser executada naquela circunstância.  

Conta-se que em certa ocasião, o príncipe demorou demasiadamente sua estadia no palácio de verão. Como a maioria dos músicos da orquestra estavam ansiosos por rever suas famílias, recorreram a José, pedindo: - Na qualidade de Mestre de Capela, poderias rogar ao príncipe para que retornemos logo aos nossos lares. – De modo algum eu poderia contrariar as decisões do príncipe, respondeu-lhes prontamente o compositor. Porém, após pensar um pouco, José achou que podia ajudá-los. Para isso, compôs uma inusitada sinfonia na qual acrescentou, inesperadamente, uma seção muito lenta após o último movimento que, como de costume, deveria finalizar a obra em andamento rápido.
Na noite da apresentação, o referido trecho musical chamou muito a atenção do monarca, que se inclinou com curiosidade para entender como a composição terminaria. Ademais, enquanto os músicos da orquestra tocavam, um a um, apagavam as velas das estantes, pegavam suas partituras e saíam do palco. De maneira que para concluir a sinfonia restaram apenas dois violinistas, os quais, por fim, também se retiraram. Ao que nos parece, ainda que sutil, um pedido inteligente pode imprimir muito mais efeito do que avultosas manifestações. Pois o príncipe entendeu perfeitamente o recado e permitiu que os músicos voltassem para Eisenstadt no dia seguinte. Quanto ao compositor que aparece na narrativa, trata-se de Josef Haydn. E a sinfonia citada é a de nº 45, chamada de “Les Adieux” (https://www.youtube.com/watch?v=guFtLJjRuz4).

Caros leitores, deixo a vocês a sugestão de ouvi-la como um momento de tranquilidade extra e desejo a todos uma ótima apreciação musical!

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