A literatura é a arte da palavra e faz dela seu principal objeto. Toda a produção artística é uma expressão de uma época e de uma cultura. Ela provoca reflexão, responde às nossas inquietações por meio da ficção. Como professora de Literatura relembrei e registro aqui cinco livros que narram tempos de pandemia.
Começo com o livro “Decameron”, de Giovanni Boccaccio, este romance narra a história de sete mulheres e três homens que decidem fugir da peste negra que assolava a cidade de Florença, na Itália, no ano de 1348. Os dez jovens se isolam numa casa de campo, por onde ficam por dez dias. Já o conto: “Um diário do ano da peste”, escrito por Daniel Defoe em 1722, retrata uma epidemia (de peste bubônica) que mudou radicalmente o cotidiano dos londrinos. A narrativa trata de uma sociedade que enfrenta uma doença desconhecida e avassaladora, a obra mistura ficção e reportagem. Dá dicas importantes para quem vive na pandemia.
Já citei aqui em outra oportunidade o conto de Edgar Allan Poe: “A máscara da morte rubra”, clássico da literatura escrito em 1842. Nele, o príncipe Próspero, destemido e astuto, resolve convidar seus seguidores para um baile de máscaras, enquanto a doença assola aquele lugar. Entretanto, a peste usa uma máscara e adentra de forma clandestina na festa. O príncipe morre após 5 horas, contaminado pela doença da qual desdenhou, junto dele, morrem também seus seguidores. “A Peste", de Albert Camus, foi publicada em 1947 e conta a história de trabalhadores que descobrem a solidariedade em meio a uma peste que assola a cidade de Oran na Argélia. A cidade é o fundamento do relato. O protagonista é um médico, Rieux, que combate a doença até o momento em que ela desaparece.
“O amor nos tempos de cólera”, de Gabriel García Márquez (1985), trata de um triângulo amoroso entre Fermina Daza, Florentino Ariza e Doutor Juvenal Urbino. Narra a história de amor em meio a uma epidemia de cólera, e relata as recordações de 50 anos desse amor de Fermina Daza e Juvenal Urbino, a história gira em torno de encontros e desencontros. O autor retrata um cenário muito parecido com o de hoje: “As condições sanitárias inexistentes, a morte de médicos em combate à epidemia, as primeiras vítimas que tombaram fulminadas pela doença, os velórios não permitidos, os cemitérios em que não cabiam mais os mortos.”
Enfim, a leitura, fonte inesgotável de conhecimento e prazer, faz com que os leitores interajam com o texto dentro de seu contexto de criação histórico-social. Isso faz com que as experiências de leitura evoquem vivências pessoais e proporcionem-lhes a reflexão sobre a nossa existência.