Segundo domingo de maio, Dia das Mães: um dia para se comemorar; uma existência inteira para se viver. Provavelmente a data será celebrada com presentes, com sorrisos, cartões, beijos e abraços, com alegria. E a homenageada como se sentirá? Em festa, sim. Talvez, no íntimo, com lágrimas. Desde que Eva no Paraíso desobedeceu, o castigo veio pesado: “Darás à luz entre dores”. Eis a herança que a mulher herda.
Toda a mãe não sofre apenas na gravidez e no parto. Os primeiros anos dos filhos são de angústia, de preocupações, de noites em claro. Qualquer choro do nenê pode ser o prenúncio de uma doença. Qualquer calor anormal, que o termômetro acusa mais de 37 graus, a mãe já se descabela, apela para os chás, telefona para as mães mais experientes, corre para os médicos.
Passada a infância do bebê, chega a idade tenebrosa da adolescência. Muitas vezes é difícil manter os filhos no freio. Os temperamentos incontroláveis, as amizades suspeitas, as notas do boletim reprovado, o caminho torto das profissões, os namoros indesejáveis – são todos acontecimentos nos quais a mãe, frequentemente, não pode influir, mas que esmagam o seu coração de incertezas e angústias.
Deus, ao vir ao mundo e se fazer homem, também palmilhou este caminho. E sua mãe Maria também vivenciou os tormentos de uma mulher que tem filhos. Talvez para mostrar às mães terrenas o quanto é espinhosa esta missão. Se não, vejamos: Na casa de Nazaré, explode a notícia imperial do recenseamento. E lá vão Maria e José para Belém, distante 92 Km, no lombo de burros, ela em adiantada gravidez. Todos os hotéis da cidade, dada a intensa chegada de forasteiros, estão lotados. O pobre José deve recorrer às grutas, para dar agasalho à esposa. Qualquer casal entende os momentos nervosos do parto. Se for no hospital ou em casa, os recursos estão à mão. Mas dentro de uma gruta?! Entre pessoas desconhecidas?!...
Mal nasce o bebê Jesus, corre a notícia que o rei Herodes manda matar todas as crianças de menor idade, a fim de evitar um futuro concorrente ao seu trono. A sagrada Família foge para o Egito, terra estranha, com costumes, idioma e religião desconhecidos, lá permanecendo seis anos. Morto Herodes, voltam para Nazaré. O pequeno Jesus é educado segundo os preceitos religiosos e frequenta a sinagoga. Na festa das Tendas, em peregrinação a Jerusalém, os pais pensando que Ele estivesse se enturmando, pois já tem 12 anos, percebem a sua ausência. E rolam três dias de desespero à cata do Jovenzinho. Encontrado no Templo, volta com os pais, “sendo-lhes submisso” até os 30 anos. Ganha o pão, ajudando na marcenaria, sendo conhecido como “o filho do carpinteiro”. Daí em diante, dedica-se à missão para a qual desceu à Terra. No final de sua vida, a mãe Maria vê seu filho ser flagelado com 39 chibatadas, coroado de espinhos, carregando uma cruz em que será pregado nu, para vergonha humana. A mãe sente no coração as marteladas que cravam os pregos nos membros do seu filho. E o filho Jesus, antes de expirar, ainda recomenda a João que cuide de sua mãe. João a leva para sua casa, em Éfeso, onde vem a falecer com 64 anos. Como estamos respirando ares papais, lembro o episódio do Papa Pio X, ao ser eleito, mostrou o anel de papa à mãe: “Olha mãe, o bonito anel que me deram”. Ao que a mãe retruca, mostrando a aliança: “Se eu não tivesse este, tu não terias aquele”!
