Papo de bola
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segunda, 12 de maio de 2025

Às mães, com carinho

Se mãe fosse um clube de futebol, o futebol não teria graça. A explicação é simples: o time seria perfeito, faria muitos gols no jogo, não sofreria nenhum, não cometeria faltas e não erraria passes. Assim, meio que óbvio, ganharia todos os jogos e consequentemente títulos de forma invicta, obrigando-se a alugar um ginásio ao invés de uma sala de troféus.

Os cartões amarelo e vermelho seriam no máximo objetos onde ela escreveria mensagens bonitas, talvez poesias, talvez cartas de amor. O amarelo representaria a energia do sol e o vermelho o próprio amor, o mesmo amor do conteúdo das cartas que ela escreveria. Advertência? Só se fosse para nosso crescimento, para nossa evolução. Expulsão? Apenas para os maus fluídos.

Se mãe fosse gol, seria gol de placa. Para uns, seria daqueles gols de bicicleta que Pelé fazia saltando nas alturas e fuzilando. Para outros, seria aquele gol do Maradona na Copa de 86, quando ele driblou toda a população do Reino Unido. Também poderia ser gol de cobrança de falta do Zico ou do Nelinho, qualquer um. Poderia ser aquele gol depois de uma tabelinha de cabeça entre Falcão e Escurinho ou alguma arte do Ronaldinho Gaúcho que acabava no fundo da rede.

Mas caso mãe não fosse gol, ela poderia ser outros tantos belos momentos do futebol: uma defesa inacreditável do goleiro no último lance do jogo, um chapeuzinho, uma caneta, um desarme do Gamarra, uma assistência do Zidane... Há tanta coisa bacana no futebol que mãe simplesmente poderia ser todas. Menos VAR. Essa parte a gente pula.


Se mãe fosse um campo de futebol, ela não seria um estádio maravilhoso, de gramado perfeito, de iluminação moderna, de arquibancadas lotadas. Pelo contrário. Ela seria nosso bom e velho campinho da infância, cheio de poças d’água, irregular, com goleiras feitas de gravetos. Estou depreciando as nossas mães? Jamais. Estou remetendo à simplicidade de antigamente, àquela mulher que esperava na porta da casa o “porquinho” que estava chegando, ela que gentilmente pedia que o filho tomasse um banho para depois comer o sanduíche que já estava pronto e, por fim, dar aquele colo quentinho para ele dormir tranquilamente logo em seguida. Não tinha preço. E nunca terá.

Certa vez comentei que mães deveriam ser eternas, mas aí fui convencido de que não seria uma boa ideia, pois elas sofreriam vendo seus filhos partirem. E mãe não merece sofrer. Aliás, que propriedade teria eu para interferir nos sentimentos delas? Somos uma pequena gota d’água num oceano de amor que elas nos transmitem. Lembrando que se mãe fosse um time, esse time ganharia todos os jogos. Mães só erraram uma vez: quando pensaram que estavam erradas.

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