A instantaneidade da juventude
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quarta, 06 de setembro de 2023

Se observarmos o comportamento da gurizada, vamos reparar que os jovens querem tudo para ontem e se frustram rapidamente se algo não der certo. Manifestam um comportamento motivado pela instantaneidade e acabam sofrendo mais de ansiedade, sofrendo literalmente! Em muitos casos, utilizam as redes sociais como espelho, sonhando em ter a vida das timelines, como se a vida fosse o reflexo das fotos da internet, em que as pessoas estão sempre passeando, comendo bem e curtindo a vida.
Quando olhamos para a juventude deste momento, temos que pensar na geração Z (mais ou menos entre 2000 e 2010), que são chamados de nativos digitais e se caracterizam pela hiperconexão.
Nas pesquisas realizadas pelo IPO – Instituto Pesquisas de Opinião com este público jovem se constata que, atualmente, o principal sonho de consumo dessa galera é trabalhar com a internet, com a inteligência artificial, ser um influenciador digital ou tiktoker. Enxergam mercados inimagináveis, como o de viajante profissional. Fazem contas básicas: se conseguirem ser influenciadores digitais e chegarem a 100 mil seguidores, poderão ganhar R$ 15 mil reais por mês e se atingirem 1 milhão podem receber R$ 24 mil por ação.
Quando se fica ouvindo os jovens durante as entrevistas fica claro que eles vivem o fenômeno da instantaneidade, pois nasceram e estão crescendo em um mundo instantâneo. O mundo deles é assim! 
Vivem conectados, gostam de tecnologia, fazem tudo por plataformas de aplicativos. Realizam compras, pedem comida, chamam transporte, quase não usam dinheiro físico e até o título eleitoral fazem de forma remota. Estão sempre ativos em aplicativos de mensagens, sabem o que está acontecendo no mundo sem assistir televisão aberta. Adoram “maratonar” séries nas plataformas de streaming e vivem acessando uma playlist no celular ou até mesmo no relógio digital.
Com o tempo, essa nova geração que está em formação irá ganhar a maturidade necessária para, em algum momento, se alinhar com o mundo real, que não vive apenas de curtidas. O maior problema é que o mercado de trabalho não tem a mesma paciência dos familiares destes jovens.
Para muitos profissionais experientes, a juventude é descompromissada, está sempre no celular e se irrita facilmente. Os jovens, por sua vez, acreditam que não precisam da mesma experiência dos mais velhos, sinalizando as defasagens do local de trabalho e a necessidade de avanços tecnológicos. Essa galera prefere trabalhos mais flexíveis, está sempre procurando por trabalho remoto e não tem problema em ficar mudando de trabalho. Acreditam que a mudança traz certo “crescimento pessoal”.
É como se a inquietude normal da juventude estivesse municiada de uma expertise digital que gera um ruído geracional mais intenso do que foi com outras gerações.
    O nosso grande desafio social é construir o equilíbrio entre as gerações. As famílias precisam ter consciência de que seus filhos precisam compreender que há limites para tudo e que na vida temos que seguir um fluxo contínuo, em que de um lado recebemos e de outro nos doamos. Por outro lado, o setor produtivo terá que permitir mais liberdade de trabalho para estes nativos digitais, com lideranças se portando como mentores ou coachs.

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