Programa de sucessão rural da região na URI: Curso Superior de Tecnologia em Agropecuária
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quinta, 27 de abril de 2023

A sucessão rural tem preocupado as famílias rurais, os gestores públicos, instituições comunitárias, cooperativas, associações, sindicatos, universidades, escolas, secretarias de agricultura e educação e a comunidade regional. Mas o que está em jogo com a diminuição das propriedades rurais, do número de famílias rurais que vivem e moram no meio rural?
Importante iniciarmos esse diálogo, pensando em algumas questões cruciais quando o assunto é sucessão rural. Primeiro, o que está em jogo, além das pessoas, estarem morando no campo ou na cidade, não são simplesmente as pessoas, o que está em jogo é a diversidade produtiva, a produção e a economia local, a circulação da moeda, velocidade dos negócios e por onde eles passam no município.
Iniciamos então preocupados com a diversificação da produção, imaginamos se todos os produtores da região produzissem tomates?  Além de problemas produtivos pela falta de rotação de cultura, teríamos somente tomates produzidos localmente para o consumo e todo o restante teríamos que comprar a partir da produção dos tomates, que por sua vez, teria que ser produzidos com maior incremento tecnológico, a fim de aumentar a produção e diminuir custos, e dar conta da concorrência gerada entre os que iriam produzir tomates, afinal a região teria que comprar de fora os outros produtos, que obviamente teriam os preços constituídos por outra região. 
Então, a primeira resposta da importância da sucessão rural, está na importante lembrar que a diversidade produtiva, gera um controle biológico próprio da produção, da fertilidade do solo, consequentemente do controle de pragas e doenças nas culturas e criações.
A segunda resposta é no viés econômico da produção. Vejamos, quanto menor for a velocidade da moeda em uma região, mais dificuldade viverá, precisamos entender que as chamadas cadeias curtas, são oportunidade de produção e trocas locais de produção, portanto se produz e o resultado da produção, a renda permanece na região, consequentemente inverte a questão e a região mesmo com menos moeda, faz com que tenhamos mais empregos e oportunidades de produção.
Voltando na questão de se produzir somente uma cultura ou criação, passamos a oportunizar a produção e os empregos para produzir todo o restante em outra região, obviamente forçando a força de trabalho e inteligência se deslocar para outro lugar, de onde vem, estes produtos que precisamos comprar.
No setor rural o que tem acontecido é a oferta de outras regiões, países em produzirmos mais produtos primários e de ordem alimentícia, e isso faz com que aumentamos a produção de um determinado produto, e afirmo que isso é bom, pois geraremos mais divisas, teremos superavit na balança comercial local e isso é muito bom. Porém, contudo é necessário atentar para não diminuir tanto a diversidade regional, a fim de não passarmos a produzir somente um produto e em grande quantidade e a nossa gente aos poucos saia do seu meio, estamos aqui falando da sucessão rural. Pois bem, é possível produzir em larga escala e sem perder a diversidade regional e a população rural?
Penso que estamos certos que precisamos aumentar a produção, gerando divisas, mas sem perder a vitalidade das culturas e criações existentes no meio rural, é o que o curso superior de Tecnologia em Agropecuária, através do Programa de sucessão rural tem buscado na região, formar pessoas que desenvolvam seu projeto profissional e de vida, empreendendo com a diversidade, agregando valor a produção local, buscando oportunidades distintas, nas mais diversas áreas, não somente sendo produtores de tomates, mas sim de uma diversidade regional que potencialize produções maiores, estas de incremento na economia regional.
A iniciativa regional de ter um Curso Superior, em uma UNIVERSIDADE comunitária, regional e integrada e que possui “um conjunto de pessoas interessadas na sucessão rural”, portanto famílias de agricultores, poder público Municipal, Estadual e Federal, instituições cooperativas e associadas em sindicatos, bem como as empresas que oferecem produtos e serviços ao setor agropecuário regional é um exemplo a ser seguido no desafio de obtermos a sucessão da família rural, obviamente da diversidade rural.
Atualmente o Curso Superior possui 5 turmas em formação, sendo que este ano de 2023, iniciam duas turmas, mais uma nas dependências da Casa Familiar Rural de Alpestre, totalizando duas turmas na CFR Regional de Alpestre e três na URI/FW, uma é via programa do PRONERA – Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária com beneficiários do crédito fundiário, totalizando 147 educando, que estudam no regime educacional da “alternância”, a fim de que possam estudar sua prática e praticar seus estudos, a mais nova dinâmica educacional do mundo “a formação por alternância” um tempo-espaço de formação no meio sócioprofissional e outro no tempo-espaço na Universidade. A chave do sucesso existente na formação por alternância se dá, na capacidade que os educandos passam a constituir, de resolver problemas profissionais reais e que envolvem a vida da família rural. 
A seguir alguns depoimentos de educando que frequentam o programa regional de formação na sucessão rural: 
“Sou aluno do 4° semestre do curso de Tecnologia Agropecuária, me chamo Vitor Darlã Kappaun, Três Passos. Iniciamos a primeira alternância do ano de 2023, que foi bem produtiva, de muitos conhecimentos, é sempre bom voltar as aulas, rever os amigos, professores e também conhecer alunos novos. Busco no curso uma formação que venha agregar conhecimentos na minha vida, principalmente que consiga aplicar o mesmo na minha propriedade e continuar na caminhada de fazer a sucessão familiar, que o curso é voltado ao jovem ficar no campo”. 
“Fazer parte de um programa regional de sucessão rural é muito Importante não só para mim, mas para minha família, a qual eu vou poder estar ajudando e auxiliando cada vez mais com os conhecimentos adquiridos no Curso Superior de Tecnologia em Agropecuária na URI/FW. Retornar as aulas, significa mais um semestre de novos aprendizados e muitos conhecimentos que vou poder estar aplicando na propriedade dos meus pais. Aprendizados esses que talvez não estivessem acontecendo se não fosse a ajuda e o subsídio que recebemos da prefeitura, além de muito incentivo e apoio. Bruna Vieira, Alpestre”.
“Penso que a volta às aulas, tanto para os alunos quanto os professores do curso de Tecnologia em Agropecuária e o curso de Agronomia da URI foi um momento importantíssimo para o desenvolvimento de novos profissionais da área. É a hora de receber os alunos tanto os novos quanto os que estão voltando, apresentar novidades, motivar toda a comunidade e dar o pontapé inicial em um novo ano letivo. Assim como muitos espero que o início das aulas marque um ano de busca por sabedoria e nos encha de uma vontade verdadeira de adquirir novos conhecimentos, pois por meio dos estudos nós encontramos tudo que precisamos para conquistar nossos sonhos. Atualmente temos visto uma maior presença de jovens no campo, tendo em vista que muitos deles acompanham o trabalho de seus pais desde muito cedo, o que é algo de grande relevância, uma vez que a agricultura é essencial para a sobrevivência humana, e um dos motivos da sucessão familiar estar cada vez mais forte é a inclusão dos projetos de vida dos jovens nas estratégias de reprodução social da família, e um grande benefício para o agricultor, como os jovens estão mais presentes na agricultura familiar, eles têm contribuído também para o uso de tecnologias que ajudam a otimizar processos nas lavouras, e fazendo o curso também recebem o auxílio de profissionais na área, assim aprendendo e aplicando
 na prática. Acadêmica Mírian da silva de Cristal do Sul.

“Meu nome é Francis Casaril, sou Estudante da turma sucessores do agro de Alpestre. Meu retorno aos estudos aconteceu depois de conhecer o curso pois vi uma porta para a sucessão rural, ser sucessor mas ter estudo entender o que acontece de modo geral em uma propriedade além de levar os ensinamentos para minha família a qual eu passo o que aprendo nas alternâncias e posso estar ajudando e auxiliando cada vez mais com o que eu aprendendo no curso de tecnologia em agropecuária. Retornar as aulas significa mais um semestre de novos aprendizados. Aprendizados esses que se não fosse a parceria da URI-FW com os municípios no meu caso o município de Planalto eu não estaria fazendo o curso superior de Tecnologia agropecuária, onde também nós da primeira turma que tem aulas longe das dependências da URI-FW não seria possível sem a parceria com a casa familiar de Alpestre.

Coordenador do curso de Superior de Tecnologia em Agropecuária: Luis Pedro Hillesheim
 

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